Pelo menos um consenso emergiu entre a Convenção do Clima (UNFCCC), governos como o do Brasil e ONGs após o fracasso da 15ª Conferência do Clima (COP-15) das Nações Unidas, realizada em Copenhague: as perspectivas serão duras também para a COP-16, prevista para o México. Único mecanismo concreto para combater o aquecimento global, o Protocolo de Kyoto, recusado pelos Estados Unidos, está cada vez mais ameaçado de extinção.

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Mesmo que um “Acordo de Copenhague” tenha sido selado entre 25 países, dentre os maiores emissores de CO2, garantindo o esquema de negociações em dois “trilhos” – o Protocolo de Kyoto e um futuro protocolo, implicando os EUA -, na prática nada impede que o tratado de 1997 seja abandonado. A extinção de Kyoto era tida na Dinamarca como um dos maiores interesses de um grupo de países formado pelos EUA, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Japão, Rússia, Ucrânia e Finlândia. O objetivo, ao qual Brasil e os países do G77 – os “em desenvolvimento” – se opunham, quase foi alcançado.

Durante as últimas horas de negociações na COP-15, quando líderes como Barack Obama e Luiz Inácio Lula da Silva já haviam deixado o Bella Center, Kyoto esteve com as horas contadas. Negociadores do Brasil não sabiam informar se o tratado, o único a prever metas de redução das emissões de CO2 por parte de países industrializados, seguiria existindo.

Sérgio Serra, embaixador para o Clima do Itamaraty, foi realista ao avaliar as perspectivas para a negociação no México. “Teremos um ano difícil pela frente, porque até aqui as ofertas de metas dos países industrializados ainda não se concretizaram em propostas oficiais. E ainda por cima continuam insuficientes. Além disso, há essa questão espinhosa, sobre a qual ninguém quer falar, que é a sobrevivência do Protoloco de Kyoto.”

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Ao término da conferência, havia entre ONGs um certo alívio porque o fracasso da COP-15 não significou o abandono total do chamado “Mapa do Caminho”. O documento fora elaborado após duras negociações em Bali, em 2007, e previa um novo acordo climático até a Dinamarca. Preservado, ainda deverá, em tese, nortear as discussões em 2010. “O Mapa do Caminho de Bali deveria acabar em Copenhague. Agora, foi estendido ao México”, avaliaram Paulo Adário e José Tallochi, do Greenpeace.