O Brasil é o 2.º país com maior número de portadores de HIV entre os usuários de drogas na América Latina, além de ser uma das principais rotas do tráfico de cocaína, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado ontem. O relatório avaliou o período 2003-2004. Segundo a ONU, quase 50% daqueles que usam algum tipo de droga no Brasil estão infectados com o vírus HIV. De acordo com a organização, o contágio entre usuários de drogas foi uma das principais razões da velocidade com que a aids se disseminou durante a década de 80 no País. Entre esse grupo, duas capitais brasileiras se destacam: São Paulo (75% dos casos) e Rio de Janeiro (25% dos casos).
Segundo o estudo da ONU, a falta de cuidado dos usuários de drogas injetáveis é um fator preocupante na hora de controlar a disseminação do vírus HIV. No Brasil, apenas 12,5% usam camisinha durante o ato sexual – mas 77,7% deles tomam a iniciativa de lavar a seringa usada por outra pessoa antes de usá-la novamente.
Os efeitos da despreocupação com o assunto atinge ainda mais as mulheres: 40% delas foram contaminadas com o vírus HIV por manter relações sexuais com parceiros usuários de drogas. Usuários de heroína geralmente passam por longos períodos de abstinência sexual, o que não acontece com aqueles que consomem cocaína, usada em maior escala no Brasil.
De acordo com a pesquisa, na sua maioria, a cocaína que é destinada ao mercado europeu entra pela Espanha ou Holanda, vinda da Venezuela e do Brasil. Já a cocaína que é vendida no Reino Unido – um dos maiores consumidores dessa droga – é de origem caribenha.
África
Traficantes desenvolveram uma outra rota para a comercialização da droga, além do envio direto da América do Sul. Ao sair dos países andinos produtores, a droga passa pelo Brasil, e depois segue para o continente africano, de onde é enviada para os países europeus.
Estima-se que 60% da cocaína destinada ou em trânsito no Brasil saia da Colômbia. Outros 30% vêm da Bolívia e, 10%, do Peru.
O Brasil foi o oitavo país com a maior quantidade de cocaína apreendida pelas autoridades, e o quinto em relação à maconha, no ano de 2003.
Na Bolívia, a produção de cocaína aumentou 35% no ano de 2004 em relação ao ano anterior, ainda de acordo com o relatório da ONU.
Houve, em compensação, a diminuição da produção da droga na Colômbia que, segundo a ONU, deve-se à ?luta? levada a cabo pelo governo americano, que ?parece estar dando frutos?. As áreas cultivadas teriam passado de 160 mil a 80 mil hectares, representando uma diminuição de 50%. Além da Bolívia, o cultivo de coca e a produção de cocaína também aumentaram no Peru.