Brasil e Paraguai não fecham acordo sobre Itaipu

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Paraguai, Fernando Lugo, afirmaram hoje, na Base Aérea de Brasília, que não alcançaram um acordo sobre as questões relacionadas à hidrelétrica binacional de Itaipu e o restante do pacote oferecido pelo governo brasileiro ao paraguaio.

Lugo anunciou que entre os dias 10 e 15 de junho haverá uma reunião na capital paraguaia, Assunção, de ministros das áreas de energia e de relações exteriores, para concluir um acordo, que deve ser assinado pelos dois chefes de estado, durante a reunião de cúpula do Mercosul, prevista também para o mês que vem, em Assunção. Lugo frisou, entretanto, que o Paraguai “não renunciou a nenhuma de suas reivindicações”, em referência às demandas em torno da usina de Itaipu.

O Paraguai quer obter do Brasil o direito de venda da sua cota da energia gerada por Itaipu a outros países. Também exige que, ao vender ao Brasil, a energia seja negociada com base em preços do mercado livre, e não daquele negociado com a Eletrobrás. Outro ponto de tensão diz respeito à dívida de Itaipu com a Eletrobrás e com o Tesouro Nacional, que acaba por reduzir o lucro do Paraguai, em suas operações de venda de energia ao Brasil.

Lugo ressaltou que a reunião de ontem, com o presidente Lula, foi marcada por uma conversa muito respeitosa, na qual foram abordados todos os temas da relação bilateral.

O presidente Lula, por sua vez, também ressaltou que o encontrou foi “produtivo” apesar de não ter resultado em nenhum acordo. Ele destacou que a equipe brasileira deixou claro ao governo paraguaio que pretende ajudá-lo em todas as áreas, a começar na questão agrária, que afeta cerca de 400 mil brasileiros e descendentes, que se dedicam a esse setor no Paraguai e também na área de infraestrutura.

Lula afirmou ainda que a questão de Itaipu foi tratada, embora os presidentes não tenham discutido detalhes técnicos, como os impasses sobre preço da energia e a dívida. “Não existe tabu nas nossas relações. Itaipu é um tema sensível para o Brasil, é um tema sensível para o Paraguai”, disse Lula. “Estou convencido de que há como avançar neste tema que é nervoso e sensível no Brasil e no Paraguai. Não há tema que não possa ser discutido entre nós”, acrescentou.

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