O ministro das Relações Exteriores |
Buenos Aires – O chanceler argentino, Rafael Bielsa, afirmou que a posição do Brasil de defender a criação de uma vaga permanente para o Conselho de Segurança da ONU é ?elitista e pouco democrática?. Segundo fontes do governo do presidente Néstor Kirchner à agência argentina DyN, as declarações de Bielsa foram realizadas ontem durante um almoço em Luxemburgo com o vice-chanceler brasileiro Samuel Pinheiro Guimarães.
O almoço teria sido tenso, já que – na presença de representantes de países do Mercosul e da União Européia (que discutiam a retomada das negociações comerciais entre os dois blocos) – Bielsa teria divergido de Pinheiro Guimarães sobre a intenção do governo Lula de ocupar a vaga permanente no CS da ONU.
Segundo as fontes, a posição de Bielsa foi respaldada pelo chanceler mexicano, Luis Derbez. A Argentina defende a ampliação do número das vagas no CS da ONU mas apenas para cadeiras ?rotativas e temporárias?.
?Consideramos que essa posição (a do Brasil) é elitista e pouco democrática, e por isso reafirmamos nossa vontade de que qualquer reforma não deve ser feita sobre a base de novos membros permanentes, mas sim, sobre vagas rotativas?, disse Bielsa.
A aspiração do governo Lula foi criticada por todos os governos argentinos da última década. No entanto, desde o início deste ano, o presidente Kirchner realizou uma forte campanha contra a candidatura do Brasil, embora o país seja seu principal aliado comercial e político.
A postura de Bielsa em Luxemburgo mostra uma volubilidade significativa no comportamento do chanceler ao longo da última semana.
Na quinta-feira Bielsa surpreendeu os próprios argentinos, acostumados com a posição dura do chanceler com o Brasil, ao afirmar, em uma entrevista publicada no jornal econômico El Cronista, que a Argentina ?não tinha condições de liderar coisa alguma?.
Na entrevista, o chanceler afirmou que descartaria a palavra ?ciúmes? pela liderança regional do Brasil, já que ?a única coisa? que seu país poderia liderar era ?sua própria reconstrução? econômica.
Dias antes de tomar posse como chanceler, em maio de 2003, Bielsa declarou publicamente que era a favor de o Brasil ocupar uma cadeira permanente no CS da ONU.