Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil |
Lula e Michelle Bachelet: ele, foi vaiado; ela, aplaudida. |
Os governos do Brasil e do Chile firmaram ontem acordos de cooperação nas áreas de energia e meio ambiente, por ocasião da visita de Estado da presidente chilena, Michelle Bachelet. O primeiro acordo prevê a criação de uma comissão mista permanente para estabelecer um programa de cooperação energética e de mineração entre os dois países. "A iniciativa faz parte de um projeto mais amplo para garantir o suprimento regional de energia necessário para continuarmos crescendo em forma acelerada para renovar nossos parques produtivos e enfrentar a grande dívida social que ainda possuímos", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado de Bachelet, após a assinatura do acordo no Palácio do Planalto.
Os dois governos definiram, ainda, regras para os brasileiros interessados em viver no Chile e vice-versa. A idéia é solucionar a situação ilegal de cidadãos das duas nações e facilitar o trânsito de pessoas. De acordo com Lula, esse acordo reforça os laços entre o Chile e o Mercosul. "As viagens que Vossa Excelência [Michelle Bachelet] está fazendo aos quatro membros fundadores sublinham esse compromisso", ressaltou Lula.
Homenageada em sessão solene do Congresso Nacional, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, conquistou a platéia no plenário do Senado ao cantar em português o Hino Nacional brasileiro. Em discurso, a presidente defendeu que o Brasil tenha um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), um antigo anseio do governo brasileiro. Michelle Bachelet disse ainda que a consolidação da democracia na América Latina depende da redução da pobreza e da desigualdade.
Bachelet disse que, entre 1990 e 2005, a pobreza no Chile caiu de 40% para 18% da população. Nesses indicadores está incluída a indigência que, segundo ela, caiu de 20% para 5%. Mas ainda não é suficiente, na avaliação da presidente. "Se não somos capazes de mudar as condições de vida diária, material, da população, a legitimidade das instituições democráticas está em jogo. É um perigo para a América Latina se não somos capazes de resolver os problemas dos cidadãos. Somos a geração que recuperou a democracia nos anos 80s e 90s e somos a geração que tem obrigação de consolidar a democracia, reduzindo a pobreza e a desigualdade, o que está ligado estreita e indissoluvelmente ao fortalecimento da cooperação da América Latina", discursou Michelle Bachelet.
Vaias a Lula
Servidores públicos em greve perturbaram ontem a cerimônia de recepção da presidente do Chile, Michelle Bachelet, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na área em frente ao Palácio do Planalto. Na praça dos Três Poderes, cerca de mil manifestantes vaiaram e usaram cornetas e apitos no momento dos tiros de canhão e da execução do Hino Nacional. Os manifestantes gritavam o refrão: "Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão"; "o povo nas ruas, Lula a culpa é sua", e ainda "Lula cadê você, cadê o aumento e o PCC". No alto da rampa à espera de Bachelet, Lula demonstrou bom humor, sorrindo.