Brasil decide não enriquecer urânio agora

Rio (AE) – Marcado para ser iniciado hoje, na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o enriquecimento de urânio em escala industrial realizado pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) foi adiado. A mudança de data é um problema recorrente, já que o começo das atividades foi prorrogado por quase dois anos, em função da insistência da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em ter acesso à tecnologia brasileira. A inspeção teria como objetivo garantir que o material produzido não seria usado em bombas atômicas.

Segundo a assessoria de imprensa da estatal, situada em Resende, na região do Vale do Médio Paraíba, a nova data de inauguração depende ?da agenda das autoridades?. Lula tem compromissos no Rio na sexta-feira, mas a possibilidade de que a unidade entre em operação durante a visita presidencial foi descartada. A Fábrica de Combustível Nuclear está funcionando em fase de testes desde agosto. Durante esse período, foi produzida uma pequena quantidade de urânio enriquecido para adaptar as centrífugas aos padrões necessários à produção industrial e também para atender aos requisitos da Comissão Nacional de Energia Nuclear, da AIEA e da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC).

A etapa de checagem, no entanto, deveria ser encerrada em janeiro, segundo a direção da INB, que já admitiu problemas de restrição orçamentária. Com isso, o cronograma do projeto foi afetado, adiando de 2008 para 2010 a conclusão da primeira etapa, quando 10 conjuntos de centrífugas serão capazes de produzir, anualmente, 114 mil Unidades de Trabalho Separativo (UTS) – medida utilizada para o urânio. Este total corresponde a 60% das necessidades de combustível nuclear das usinas de Angra 1 e Angra 2. Para atingir a auto-suficiência, é preciso produzir quase o dobro de urânio enriquecido, no total de 203 mil UTS.

O orçamento para o projeto de enriquecimento previsto para este ano é de R$ 22,4 milhões, informou a assessoria de imprensa, admitindo, porém, que o total ideal para garantir o cumprimento da meta de 2010 é uma quantia anual de, aproximadamente, R$ 35 milhões. No ano passado, foram inicialmente investidos R$ 9,96 milhões, e aprovados recursos suplementares da ordem de R$ 8,7 milhões. 

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