O Ministério da Saúde informou ontem a eliminação do sarampo do território nacional em relatório encaminhado à Organização Mundial da Saúde (OMS) e solicitou certificado comprobatório. Segundo a pasta, o País foi o primeiro das Américas a fazer o pedido. Não há previsão sobre quando sairá a decisão do órgão das Nações Unidas sobre o certificado.
Para Expedito Luna, professor do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo, a solicitação tem fundamento mesmo com os registros de 12 casos de sarampo que ocorreram neste ano no País, em Porto Alegre (3), Belém (3) e os 6 últimos, confirmados na sexta-feira, em João Pessoa (PB). Outros 52 casos suspeitos na Paraíba estão em avaliação.
Para o especialista, os casos são importados e esporádicos. Luna destaca ainda que não há prova de que exista transmissão sustentada da doença no Brasil, ou seja, disseminação pela comunidade. O vírus do sarampo circulou pela última vez no País em 2000. “A ‘importação’ de casos de sarampo é esperada porque há circulação do vírus, por exemplo, em países da África, Europa e Ásia”, afirmou Luna.
Parte dos 67 casos esporádicos que surgiram entre 2001 e 2009 não foi totalmente esclarecida. Isso porque não foi encontrada a origem dos surtos – por exemplo, se houve contato das vítimas com viajantes, diz Luna. O mesmo ocorre com os casos atuais, ainda sem explicação.
Segundo o ministério, ainda estão em curso investigações epidemiológicas sobre como o vírus chegou às cidades. “Todos os eventos registrados são relacionados a casos importados, conforme tem sido comprovado nas investigações epidemiológicas e nos estudos de genotipagem”, afirmou, por meio de nota, o ministério. “Já são dez anos de interrupção, o que não é pouco para solicitar a certificação.” As análises de genótipo encontraram vírus de origem africana e europeia.