Para enfrentar o tráfico de cocaína e de crack, o governo federal vai replicar na Bolívia o mesmo acordo com o Paraguai que permitiu reduzir drasticamente a oferta de maconha no território nacional. No caso boliviano, o alvo é a produção de folhas de coca em áreas ilegais e os laboratórios de refino e produção de pasta-base. Mais de 50% da cocaína e derivados consumidos no mercado brasileiro vem da Bolívia, segundo a Polícia Federal.
Além de operações conjuntas entre a PF e as forças bolivianas, o governo brasileiro vai oferecer o compartilhamento de dados e imagens produzidos pelo veículo aéreo não tripulado (vant). O primeiro dos três modelos adquiridos de Israel encerrou a fase de testes e começa a operar a plena carga no fim deste mês. Controlado à distância por operadores em terra, o vant tem autonomia de 40 horas, gera imagens de alta qualidade transmitidas em tempo real e é considerado uma arma valiosa na guerra contra o tráfico de drogas na fronteira.
Com 20 técnicos treinados para operar o vant, incluindo pilotos e analistas de imagem, a primeira base operacional está em funcionamento na região de Foz do Iguaçu. No futuro, o acordo para combate compartilhado ao narcotráfico na fronteira vai se estender para Peru, Colômbia e Venezuela, até atingir os mais de 16 mil km de fronteira seca.
A negociação com países vizinhos para o combate à produção e consumo de drogas faz parte do pacto nacional contra o crime organizado e a violência, anunciado pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele programou visitar a Bolívia no começo de fevereiro para finalizar detalhes das operações conjuntas, que devem começar este ano.