O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), cobrou nesta quarta-feira, 26, que o avanço do novo coronavírus (Covid-2019) seja considerado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esta medida seria um reconhecimento de que a doença infecta, simultaneamente, pessoas ao redor do mundo, ou seja, não está restrita a uma região, e permitiria ampliar a lista de alerta de países para a doença.

continua após a publicidade

Hoje, a OMS considera a doença uma emergência global, colocando em alerta apenas países em que há transmissão interna “consistente” da doença, com mais de 5 infecções dentro do mesmo território. Ou seja, que não foram “importadas” de outras nações.

Na segunda-feira, o Ministério da Saúde adicionou mais oito países na lista de alerta do novo coronavírus, incluindo os primeiros três da Europa: Itália, Alemanha, França. Além desses, entram no rol do governo federal Austrália, Filipinas, Malásia, Irã e Emirados Árabes.

Isso significa que serão considerados suspeitos da doença passageiros que estiveram nesses locais e que apresentem sintomas da doença, como febre e tosse. O novo enquadramento, antecipado pelo Estado, é resultado da confirmação da transmissão do vírus dentro desses países.

continua após a publicidade

Antes da nova definição, pessoas com sintomas de gripe vindas da Itália, por exemplo, não recebiam atenção especial da vigilância sanitária brasileira, pois a suspeita do novo coronavírus era descartada na hora. Agora, haverá um protocolo específico pelo qual, caso o passageiro tenha febre associada a algum outro sintoma, será enquadrado automaticamente como caso suspeito.

O critério para o Brasil aumentar a lista foi o definido pela OMS, de países onde houve mais de 5 casos confirmados de transmissão interna. Mas o governo brasileiro defende a inclusão na lista de todas as nações onde tenham pessoas infectadas, mesmo que a transmissão interna não tenha começado.

continua após a publicidade

Isso evitaria que autoridades sanitárias descartem como suspeito o caso de uma pessoa que apresente sintomas do coronavírus, mas que não esteve em países em alerta. O protocolo considera a possibilidade da doença apenas para quem esteve em locais deste rol.

Os Estados Unidos, por exemplo, onde há 53 casos confirmados até esta quarta-feira, 26, não estão na lista de alerta, pois não há transmissão interna. Pela proposta de Mandetta – que ainda precisaria de mudança de posição da OMS -, o sistema de vigilância em saúde do Brasil iria considerar a possibilidade de novo coronavírus em paciente que esteve nos EUA e apresenta febre e outro sintoma gripal.

“Muito em breve a OMS terá de considerar o novo coronavírus como pandemia. Aliás, já tem critérios para (considerar). Já deveriam ter inclusive dado nota sobre”, disse Mandetta em coletiva de imprensa para anunciar a confirmação do primeiro caso da doença no Brasil.

O ministro da Saúde reconhece que o Brasil pode ter ignorado diagnósticos desta doença apenas porque o paciente não esteve em países da lista. “Você não tem como saber se uma pessoa, mesmo assintomática, não é portadora”, disse.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou nesta quarta-feira, porém, que não se deve ter pressa de classificar o surto do novo coronavírus como uma pandemia, embora o número de casos da doença fora da China tenha aumentado significativamente nos últimos dias. “Não devemos ficar muito ansiosos em declarar uma pandemia sem uma análise cuidadosa e lúcida dos fatos”, afirmou Tedros.

Segundo Tedros, a China relatou até agora 78.190 casos do coronavírus para a OMS, incluindo 2.718 mortes. Fora da China, há 2.790 casos em 37 países e 44 óbitos, acrescentou.

A lista de alerta de novo coronavírus tem sido ampliada pelo Brasil desde a semana passada, seguindo recomendações da OMS. Além dos países incluídos na segunda-feira, o Brasil a lista inclui outros 8 países: China, Japão, Cingapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja.