Eleições

Braga Netto de vice, críticas a Lula, aceno às mulheres: o 1º discurso de Bolsonaro como candidato

Bolsonaro é oficialmente candidato. Foto: Dhavid Normando/Futura Press/Folhapress

O presidente Jair Bolsonaro oficializou sua candidatura à Presidência da República neste domingo (24) na convenção nacional do PL, realizada no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Em seu discurso a milhares de apoiadores, falou sobre sua trajetória política, destacou as realizações de sua gestão, fez aceno às mulheres e também criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A convenção também confirmou o general Braga Netto (PL), ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo federal, como candidato a vice na chapa.

Como foi articulado entre Bolsonaro e seu núcleo de campanha, o presidente apostou em um discurso emotivo. Lembrou de sua trajetória de 2014 até a candidatura à Presidência da República, em 2018, o atentado sofrido em Juiz de Fora (MG) e lamentou as mortes por Covid-19.

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O presidente também falou sobre diferentes feitos de sua gestão, como o pagamento do Auxílio Emergencial, a criação do Auxílio Brasil, a conclusão da obra da transposição do Rio São Francisco, além de outras entregas na área de infraestrutura pelo país.

Também não faltaram declarações críticas – tanto às gestões petistas e ao ex-presidente Lula como a governadores, sobretudo do Nordeste, por causa das divergências sobre a condução do enfrentamento à pandemia da Covid-19.

O presidente evitou críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), mas citou uma vez a Suprema Corte, para vaias da plateia presente. Os apoiadores de presidente fizeram ecoar gritos de “supremo é o povo” após a citação de Bolsonaro.

Bolsonaro aposta em discurso sobre combate à fome e benefícios sociais

Bolsonaro fez muitos acenos à população mais pobre durante seu pronunciamento na convenção do PL. A expectativa de coordenadores eleitorais é de que, com um discurso mais sensível e propositivo, ele possa ampliar sua base de votos. Para isso, ele ocupou parte de seu discurso para falar sobre o pagamento do Auxílio Emergencial, Auxílio Brasil e dos esforços para assegurar a segurança alimentar.

O presidente comentou que, em 2020, foram gastos com o Auxílio Emergencial o equivalente a 15 anos de Bolsa Família. “Como que esse governo não pensa nos mais pobres?”, questionou.

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Na sequência, Bolsonaro falou sobre o Auxílio Brasil, que substituiu o antigo programa Bolsa Família, e fez questão de frisar que os benefícios mensais pagos pelo programa criado em sua gestão superam o anterior. “O governo, dentro da responsabilidade fiscal, no ano passado, extinguiu o Bolsa Família que pagava, em média, R$ 190. Tinham mulheres ganhando R$ 80. Passaram a ganhar, no mínimo, R$ 400”, destacou. “E, agora, com apoio do nosso Parlamento, de deputados e senadores, passamos para R$ 600”, acrescentou, em referência à aprovação da Emenda Constitucional 123/22 (PEC Emergencial), que ampliou recursos para programas sociais.

O presidente também afirmou que vai trabalhar para manter as transferências do Auxílio Brasil em R$ 600 a partir de 2023. “Conversei essa semana com o [ministro da Economia] Paulo Guedes. Esse valor será mantido a partir do ano que vem”, declarou.

Bolsonaro também falou sobre os esforços do governo para evitar a inflação de alimentos e assegurar às famílias a compra de produtos essenciais. Ele falou sobre sua viagem à Rússia para negociar a compra de fertilizantes e elogiou o trabalho exercido pela deputada federal Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura, para atenuar os impactos da guerra na Ucrânia ao Brasil.

“Essa mulher é a que faz a diferença. Garantiu nossa segurança alimentar, bem como segurança alimentar de mais de 1 bilhão de pessoas do mundo”, comentou. Bolsonaro citou que a presidente da Organização Mundial do Comércio (OMC) veio a Brasília há três meses para pedir apoio ao Brasil para ampliar a produção de alimentos. “Conversamos por uma hora. E [ele] declarou: sem o Brasil, o mundo passa fome”, afirmou o presidente.

Quais acenos às mulheres Bolsonaro fez ao longo de seu discurso

Como também era previsto pela campanha presidencial, Bolsonaro fez gestos às mulheres, eleitorado considerado imprescindível.

Primeiro, comentou sobre a titulação de terras agrárias em seu governo e disse que foram concluídas 370 mil entregas de propriedades tituladas. “Dos 370 mil títulos, 90% são de mulheres. Homem no meu governo só tem título se ele for solteiro ou viúvo. Sendo casado ou vivendo em união estável, o título vai para elas. Elas sabem melhor cuidar desse negócio”, declarou.

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A primeira-dama Michelle Bolsonaro fez uso da palavra e, com muitas referências religiosas e a Deus, fez acenos às mulheres e lembrou de quando o marido sofreu o atentado há quase quatro anos, em Juiz de Fora (MG). Também defendeu a reeleição do presidente. “A reeleição não é por um projeto de poder como muitos pensam. Não é por status, porque é muito difícil estar desse lado. A reeleição é por um propósito de libertação, por um propósito de cura para o nosso Brasil”, disse Michelle.

Quais críticas o presidente fez a Lula e a outros opositores

Ao falar sobre a titulação de terras, Bolsonaro também aproveitou para criticar o Movimento sem Terra (MST) e destacar as diferenças de titulação de terras entre seu governo e as gestões petistas. “Essas pessoas que integravam o MST eram posseiros. Eles não eram donos da sua terra. Passava um ônibus ou um caminhão, esse pessoal era obrigado a embarcar e invadir uma propriedade que nem sabia onde ficava, os motivos ou a razão. E se não fizesse isso, perdia a posse de sua terra”, declarou.

O presidente disse ainda que não houve corrupção em três anos e meio de sua gestão. “Se aparecer, vamos colaborar nas investigações”, declarou.

Bolsonaro disse que a CPI da Covid não identificou nenhuma corrupção e o acusou de “corrupto virtual”. “Queriam comprar a vacina Covaxin, mas não quiseram apurar o consórcio do Nordeste [formado por governadores da região para comprar insumos para combater a Covid], onde desviaram R$ 50 milhões e não compraram um respirador sequer. Teve nordestino que morreu asfixiado por falta de respirador”, declarou.

O presidente aproveitou para criticar de forma velada o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, embora tenha se confundido e dito que o parlamentar era o presidente do colegiado. “Nós sabemos do caráter do presidente da comissão. O caráter desse presidente da comissão, que foi ministro da Justiça de Fernando Henrique. Que foi procurado pelo então sindicalista Lula para botar em liberdade dez sequestradores. E chamou os sequestradores de meninos, que se equivocaram quando fizeram o sequestro”, disse, referindo-se aos sequestrados do empresário Abílio Diniz, que eram militantes da esquerda do Chile.

Os apoiadores presentes vaiaram Lula e entoaram em coro “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”. Bolsonaro acusou o ex-presidente de defender roubo de celulares e ironizou o petista de falar em resolver a situação da guerra na Ucrânia “tomando uma cerveja”. Também falou que Lula quer “legalizar o aborto”.

“Esse mesmo cara que quer legalizar o aborto no Brasil. Esse mesmo cara que quer legalizar as drogas no Brasil. Será que esse cara sabe quanto sofre uma mãe quando um filho se entrega às drogas? Será que ele sabe o sofrimento da mãe com essa criança no mundo das drogas? Esse mesmo cara que, em decreto de 2019, além de querer a desconstrução da heteronormatividade, criou o que se chama ideologia de gênero”, disse Bolsonaro.

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