De tão presentes no litoral fluminense, eles estão no brasão do Rio como símbolo da cidade. Hoje, a população do boto-cinza ou golfinho (Sotalia guianensis) está ameaçada de extinção local, alerta o Centro de Mamíferos Aquáticos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Por fotoidentificação, pesquisadores contam pouco mais de 2 mil animais em toda a costa e afirmam que a degradação das baías do Estado tende a agravar ainda mais o quadro.

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Os golfinhos habitam as Baías de Sepetiba, na região metropolitana, onde há entre 1 mil e 1,2 mil animais, e da Ilha Grande, na Costa Verde, onde vivem entre 800 e 1 mil espécimes. Na Baía de Guanabara, também na região metropolitana, a intensidade das atividades industrial e portuária, dragagens, falta de saneamento e pesca predatória reduziram a população a, no máximo, 40 golfinhos – contra cerca de 400 na década de 1980.

“Se mantivermos os atuais níveis de poluição nas baías pelos próximos dez a 20 anos, os golfinhos terão dificuldades de reprodução e podem desaparecer da costa fluminense em 50 ou 100 anos”, afirma o biólogo Leonardo Flach, coordenador da ONG Instituto Boto Cinza.

Principal acesso marítimo à capital e a mais seis municípios da região metropolitana, a Baía de Guanabara tem intenso fluxo de embarcações que compromete o hábitat da espécie. Grandes obras, como o Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), em Itaboraí, contribuem para o aumento da poluição sonora, por causa do tráfego de barcos carregados com equipamentos. A poluição é outro fator importante para a diminuição expressiva da presença dos golfinhos na Guanabara, que recebe cerca de 10 mil litros de esgoto por segundo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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