O empresário José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, de 80 anos, disse que está fortemente inclinado a aceitar o convite para assumir a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. “Eu fiquei fascinado com o projeto.”
Ex-diretor-geral da TV Globo, ele disse ao Estado que pretende, antes de decidir, pensar e conversar com a família para dar uma resposta definitiva até a tarde de hoje. O único impedimento seria a mudança do Rio para São Paulo. “Sair do Rio de Janeiro agora, com mala, cuia e papagaio, é complicado. Eu tenho uma estrutura enorme montada aqui. Não sei como seria isso.”
Ligação com São Paulo
Filho de Orlando de Oliveira, um músico que tocava no regional da Rádio Cultura de São Paulo, Boni nasceu em Osasco, mas vive no Rio de Janeiro desde 1963. Ao chegar a São Paulo para se encontrar com o prefeito eleito João Doria, ele afirma que tinha certeza de que não aceitaria o convite. “Mas ele (Doria) tem um grande poder de persuasão e mexeu com minha cabeça.”
Questionado se se julga apto a assumir a política cultural de uma cidade como São Paulo, mesmo sem viver nela por tantos anos e sendo um homem com experiência em TV, Boni responde. “Eu me vejo em São Paulo. Viajo muito pelo mundo, por países como Estados Unidos, Inglaterra e França, e fico sempre de olho na cultura dos países, nas coisas que poderiam ser adotadas aqui”. Ele diz que não sabe como lidaria com a burocracia do poder público, algo que nunca experimentou em sua carreira, e diz suas predileções no meio cultural: “Sou um apaixonado por arquitetura, ópera e música clássica”.
Apesar de dizer que sente nas propostas do prefeito eleito um ímpeto transformador para a cultura da cidade, Boni não quis adiantar nenhum dos projetos que ouviu na reunião com o prefeito eleito. “Ele quer criar o novo, e a cultura tem de ser renovada.”
Motivação
E qual motivo teria levado João Doria a chamá-lo? “Ele sabe que eu sou um homem capaz de realizar. Ele precisa de um executivo para colocar esses projetos de pé.” E seus 80 anos de idade reservam energia para um desafio que pede entrega 24 horas por dia e disposição para virar vitrine também diária nas redes sociais e nos jornais? “Sim, eu tenho disposição, tenho energia, cuido de 75 emissoras de TV. Isso não me assusta.”
Ao ser perguntado se teria algum projeto da área cultura, ainda que em linhas gerais ou no plano das ideias, para ser colocado em prática, o executivo disse: “A cultura tem de passar pela Educação. E a Educação tem de ajudar a criar a cultura.”
Padrão
Apesar de passar por veículos de comunicação como Rádio Bandeirantes, TV Tupi e TV Rio, Boni fez a maior parte de sua história na TV Globo. Foi em 1967 que Walter Clark o convidou para ser o chefe da direção de programação e produção. As transformações que começaram a ser feitas sob sua gestão se tornaram padrões até hoje. Ele e Clark criaram o formato básico na programação e um bloco de sustentação de um horário nobre formado sistematicamente pela sequência de uma novela, Jornal Nacional e mais duas novelas, fechando a noite com uma atração especial.
Superchefe da emissora, Boni concentrava a responsabilidade pelo entretenimento e pelo jornalístico. As novelas, sob sua administração, ganharam naturalismo. Ele participou também da criação de programas como Fantástico (de 1973), Superbronco (1979), Você Decide (1992) e o seriado Mulher (1998). Até 1997, Boni trabalhou como vice-presidente de operações, quando Marluce Dias da Silva assumiu em seu lugar. Consultor da emissora até 2001, ele se tornaria empresário da TV Vanguarda, uma afiliada da Globo em cidades do interior de São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.