Um artefato explodiu por volta das 15h50 desta quinta-feira na escadaria que liga o oitavo e o nono andares do prédio onde funciona a sede estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio, na avenida Marechal Câmara, no centro. Ninguém se feriu, mas a explosão causou pânico. Avaliação preliminar dos destroços indica que se tratava de uma bomba do tipo popularmente conhecido como “cabeça de nego”.
Logo após o episódio, o Corpo de Bombeiros informou ao presidente estadual da OAB, Felipe Santa Cruz, ter recebido denúncia anônima segundo a qual três artefatos (dois explosivos e um de efeito moral) seriam detonados no prédio da OAB-RJ. Orientado pelos bombeiros, Santa Cruz determinou que o prédio fosse evacuado. O Esquadrão Antibombas da Polícia Civil foi chamado, promoveu uma varredura e localizou, intactas, três bombas semelhantes à que explodiu.
Informações recebidas pelo Disque-Denúncia indicam que a explosão seria uma tentativa de intimidar o advogado Wadih Damous, que presidiu a OAB-RJ até fevereiro e na próxima segunda-feira vai assumir a presidência da Comissão da Verdade do Estado do Rio. Esse grupo será responsável por investigar no âmbito estadual ações cometidas pelos órgãos de repressão durante a ditadura militar (1964-1985).
“Considero isso uma provocação. O primeiro caso que vamos investigar na Comissão da Verdade será a morte da secretária Lyda Monteiro, em 1980, aqui na sede da OAB, com uma carta bomba. É possível, e isso as autoridades policiais vão esclarecer, que os autores desse atentado de 1980 possam ter tomado esta atitude extrema. Mas isso em nada vai recuar o trabalho da comissão”, disse Damous.
Segundo a OAB-RJ, estava programada para esta quinta-feira uma reunião na entidade, da qual Wadih participaria, para discutir a exclusão de dez advogados. “A OAB lamenta profundamente que sombras do passado, contra a qual a Ordem sempre lutou, reapareçam em tempos de democracia”, afirmou Santa Cruz.