O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) telefonou para o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir a compra e a produção no Brasil da vacina russa Sputnik V. Em vídeo divulgado após a conversa, Bolsonaro aparece usando máscara e diz que é preciso “resolver alguns entraves” no Brasil para a liberação do imunizante.
Em 27 de março, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que havia suspendido o prazo de análise do pedido de uso emergencial da vacina russa devido à falta de parte dos dados exigidos para a avaliação.
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“Um dos assuntos mais importantes que nós tratamos aqui é a possibilidade de nós virmos a receber a vacina Sputnik daquele país”, disse Bolsonaro. “Logicamente, dependemos ainda de resolver alguns entraves aqui no Brasil. Estamos ultimando contato com as demais autoridades, entre elas a Anvisa, de como nós podemos efetivamente importar esta vacina”, afirmou o presidente.
Bolsonaro disse haver expectativa de produção doméstica do imunizante. “Esperamos inclusive que, caso aprovada a vacina Sputnik, nós viemos a produzi-la no Brasil”, disse o presidente.
O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, disse que receberá ainda nesta semana o embaixador russo no Brasil, Alexey Kazimirovitch Labetskiy, e que foi acertada uma missão da agência brasileira à Rússia.
“Temos neste contato a confirmação do envio da nossa missão, uma missão de vigilância sanitária à Rússia para que possamos efetuar a inspeção nas instalações de produção tanto de insumos como da própria vacina”, afirmou. A data da viagem deverá ser acertada em reunião nesta quarta-feira (7).
O pedido de uso emergencial da Sputnik V foi solicitado em 26 de março pela União Química, que tem uma parceria com o Fundo de Investimento Direto da Rússia. A empresa busca o aval para o uso de 10 milhões de doses adquiridas pelo Ministério da Saúde no início deste mês.
Segundo a Anvisa, uma triagem inicial dos documentos anexados no pedido apontou que faltava parte dos dados exigidos para a avaliação, como especificações de qualidade e informações do tempo médio de acompanhamento dos pacientes que fizeram parte dos estudos.
Com isso, o prazo para que a agência decidisse sobre o pedido, previsto neste caso em sete dias úteis, foi suspenso até que haja a entrega dos documentos completos.
“Assim que houver uma superação nas questões regulatórias, estaremos aplicando a vacina aqui no Brasil”, disse o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que também participou da conversa.
Russos e paranaenses
A vacina russa chegou a ser alvo de interesse do governo do Paraná. Em agosto de 2020, o governo do estado assinou um Memorando de Entendimento com o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RDIF), que administra a distribuição da vacina Sputnik V. Na época, russos e paranaenses trabalhariam juntos para a elaboração de um protocolo que seria apresentado à Anvisa.
Depois, a expectativa do Tecpar era absorver a tecnologia russa e preparar suas instalações para produzir a Sputnik V em território nacional. As conversas entre russos e paranaenses, contudo, não avançaram.