O presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou a reclusão e o silêncio após as eleições. Há um fator médico que justifica essa decisão: ele está com uma infecção na perna, segundo relatou o vice-presidente Hamilton Mourão. Alguns aliados também dizem que o recolhimento do presidente é um processo de assimilação da derrota nas urnas. Mas outros, mais próximos de Bolsonaro, afirmam que ele não está abatido tampouco depressivo por causa da derrota no segundo turno – rumores que circulam nos bastidores. Segundo eles, o silêncio é estratégico: nos bastidores, Bolsonaro articula a contestação judicial do resultado da eleição presidencial.

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Desde o fim das eleições, Bolsonaro manteve agendas políticas e partidárias de forma reservada. Reuniu-se com ministros para discutir as ações de governo, incluindo sanções e vetos de propostas aprovadas pelo Congresso, como também esteve com aliados políticos e membros da cúpula do PL, incluindo o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, para discutir o resultado eleitoral e seu futuro político.

Bolsonaro, em vídeo divulgado nas redes sociais, em 2 de novembro: essa foi a última manifestação pública do presidente. Foto: Reprodução/Facebook

Bolsonaro debateu nos últimos dias a possibilidade de contestar judicialmente a vitória nas urnas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo interlocutores do Planalto ouvidos pela Gazeta do Povo, após essas conversas, ele teria tomado a decisão de pedir a anulação das eleições. A estratégia seria contestar o resultado baseado na auditoria encomendada pelo próprio PL, além do relatório de fiscalização do sistema eletrônico de votação elaborado pelas Forças Armadas e encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – que não apontou fraude, mas também não excluiu essa possibilidade.

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Além dessa argumentação para contestar judicialmente o resultado das urnas, a ação judicial seria uma forma de Bolsonaro dar uma resposta às manifestações populares nos quartéis militares. O presidente, seu “núcleo duro” e aliados entendem que um pedido de anulação ao TSE é legítimo e constitucional.

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Apesar disso, Bolsonaro tem conhecimento de que uma vitória é improvável no TSE ou em um possível recurso no Supremo Tribunal Federal (STF). Nesse contexto, de rejeição judicial, o plano de curto e médio prazo traçado é assumir a liderança da oposição a Lula.

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Segundo aliados, Bolsonaro vai aceitar o convite de Costa Neto para assumir a presidência de honra do PL e vai viajar o país a fim de manter seu capital político e a militância engajada. A meta de curto prazo é iniciar a montagem das chapas para vereadores e nomes para a disputa de prefeituras tendo em vista as eleições municipais de 2024. O objetivo de médio prazo é ampliar a capilaridade de seu partido e estruturá-lo para as eleições de 2026.

Por que o silêncio de Bolsonaro é considerado estratégico

O entorno de Bolsonaro sabe que seu silêncio não agrada toda a base eleitoral. Mas interlocutores do presidente asseguram que se trata de uma estratégia política para evitar desgastes e planejar nos bastidores a contestação judicial do resultado das urnas.

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Mesmo recluso, o presidente tem tido reuniões com aliados. Na segunda-feira (14), por exemplo, esteve com o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), que pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) a investigação do resultado eleitoral baseado no relatório das Forças Armadas.

Desde 1º de novembro, quando se reuniu com 22 ministros antes do pronunciamento à imprensa em que pediu o desbloqueio das rodovias, ele participou de ao menos 21 reuniões – a maioria com ministros do governo, segundo informam as agendas oficiais divulgadas pelo site da Presidência da República.

Mas tudo tem sido feito de modo reservado e ele vem evitando aparições e declarações públicas e a publicação em redes sociais. A última declaração pública foi em 2 de novembro, quando pediu o desbloqueio de rodovias no país. Desde então, não fez mais as tradicionais lives das quintas-feiras. Em seus perfis no Facebook, Twitter e Instagram, Bolsonaro se manifestou em poucas ocasiões desde a eleição. Na quarta-feira (16), fez algumas publicações de seus perfis em redes sociais em outras redes sociais.

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Bolsonaro foi convencido de que manifestações públicas ou as conversas com apoiadores na portaria do Palácio da Alvorada deveriam ser evitadas a fim de evitar a exposição na imprensa e críticas de opositores.

A avaliação de momento é que a reclusão adotada se mostrou uma estratégia acertada. Para interlocutores, o silêncio de Bolsonaro “incomoda mais do que o barulho nas redes sociais”. Do Alvorada, de onde tem despachado, ele acompanha as manifestações em frente de quartéis; e comemora a adesão popular e o apoio recebido.

Doença de pele afasta presidente de agendas, diz Mourão

Outro motivo que afastou Bolsonaro de aparições públicas foi uma erisipela, uma infecção de pele, segundo informou o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos). “É questão de saúde. Está com uma ferida na perna, uma erisipela. Não pode vestir calça. Como é que ele vai vir para cá? De bermuda?”, disse Mourão na quarta-feira (17).

Mourão falou com a imprensa após substituir Bolsonaro na cerimônia de entrega de credenciais a embaixadores estrangeiros, no Palácio do Planalto. Senador eleito pelo Rio Grande do Sul, o vice-presidente também disse que não tem conversado com o presidente e que Bolsonaro não pediu diretamente a ele para participar da cerimônia, mas que mandou um “recado”.

Interlocutores do governo confirmam a erisipela e afirmam que Bolsonaro está com a “perna inchada” – e que a infecção o tem impossibilitado até de colocar o pé no chão. Ele está sendo medicado com antibióticos e, ao menos até a quarta-feira (17), a previsão era de continuar despachando do Alvorada.

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