Os principais blocos de carnaval do Rio de Janeiro vão recorrer à Corregedoria da Polícia Militar, na manhã desta quinta-feira, 28, para reclamar da conduta da corporação quanto à autorização dos desfiles. Na quarta-feira, 27, a PM indeferiu o pedido de desfile da Orquestra Voadora, programado para ocorrer em 5 de março, terça-feira de carnaval, às 14h, no Aterro do Flamengo. Seria a comemoração dos dez anos da Orquestra.
O objetivo é tentar a liberação, por parte da PM, para que esse e outros desfiles aconteçam. Oficialmente, no entanto, a Orquestra Voadora – que no ano passado atraiu 120 mil foliões – está proibida de desfilar.
Até o carnaval passado, bastava que os blocos informassem à PM sobre os desfiles que realizariam – não havia necessidade de autorização da polícia. Mas uma portaria instituída pela prefeitura do Rio em 2 de janeiro passado condicionou a realização dos desfiles a uma autorização da PM, entre outros requisitos.
“Pela quantidade esperada de público, a Orquestra Voadora teria que encaminhar o pedido à PM com 70 dias de antecedência, segundo a portaria. Mas, quando a portaria foi publicada, já faltavam menos de 70 dias para o carnaval, quando o bloco desfila. Então seria impossível cumprir o prazo, teria que voltar no tempo pra respeitar os 70 dias”, reclama Rodrigo Rezende, presidente da Liga dos Amigos do Zé Pereira – associação de blocos que inclui a Orquestra Voadora.
“Outra questão é a falta de uniformidade nas decisões. Cada bloco submete o pedido ao batalhão da área, e tem batalhão que autoriza e outros que não. Todos os blocos da Liga desrespeitaram o prazo, mas só a Orquestra Voadora teve o desfile proibido”, afirmou.
“Se a intenção da PM é evitar tumultos, deveria considerar que cancelar um desfile já anunciado, a menos de uma semana dele acontecer, é um risco muito maior. As pessoas já estão avisadas, já se programaram. Vão chegar lá e não vai ter nada?”, questionou.
Em carta aberta divulgada na noite desta quarta-feira, 19 dos principais blocos cariocas denunciam o que classificam como “gincana do impossível”: “Apesar de termos nos esforçado arduamente para tentar cumprir as regras impostas a partir da publicação da portaria 229, de 2/1/2019, chegamos ao esgotamento de todas as possibilidades razoáveis para cumprir o que se tornou uma ‘gincana do impossível’. Estamos diante da inexequibilidade de algumas exigências feitas de forma intempestiva, e a menos de uma semana do carnaval”.
“Passamos os últimos dias nos revezando em diferentes batalhões, quartéis e salas de reuniões. (…) Estamos nos deparando com controversas interpretações dos próprios batalhões sobre a necessidade de um ‘nada a opor’ da corporação. Há blocos sendo deferidos enquanto outros não, segundo interpretações de cada unidade da PM. Esperamos que a Polícia Militar reveja sua posição e agilize os processos ainda pendentes e indeferidos para que o carnaval de rua possa acontecer como sempre foi: como o mais importante marco do calendário da cidade”, diz a nota.
A reportagem procurou a Polícia Militar do Rio na noite desta quarta-feira, mas a corporação não havia se manifestado até a publicação desta matéria.