Para preservar a vida dos motoristas profissionais, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) promoveu ontem, em todo o Brasil, uma grande campanha para avaliar a saúde dos condutores de ônibus e caminhões. ?Antes da revisão do veículo, é preciso que o motorista faça um check up da saúde dele. Quando esse binômio for atendido, a viagem certamente vai ser tranqüila?, afirmou o assessor de imprensa da PRF, Alexandre Castilho.
Brasília (ABr) – A operação, batizada de Comando de Saúde Preventivo, foi realizada em 26 pontos de rodovias federais, com a participação de mais de três mil policiais. Apenas o estado do Mato Grosso não participou. Nas blitze, a PRF oferece gratuitamente exames para identificar sintomas de obesidade, pressão alta, colesterol alto, altas taxas de açúcar no sangue, alcoolismo, tabagismo, deficiência da força manual e problemas de visão. Os médicos também buscaram descobrir se há excesso de horas trabalhadas e se os motoristas utilizam medicamentos impróprios para se manterem acordados.
A participação dos motoristas na operação foi voluntária. Os pacientes que apresentarem sintomas de alguma doença receberam orientações de como proceder. Os casos mais graves foram encaminhados aos hospitais para tratamento especializado.
O Comando de Saúde também promoveu palestras sobre primeiros-socorros, doenças sexualmente transmissíveis, vacinação, doação de sangue, direção defensiva e orientações jurídicas. A ação da PRF acontece em parceria com universidades, secretarias estaduais de Saúde, Serviço Social do Transporte (Sest), Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), departamentos de Trânsito (Detrans), entre outros órgãos. Desde a criação da operação Comando de Saúde Preventivo, há quatro anos, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) já atendeu 25 mil motoristas em todo o País. Desse total, 40% já se envolveram em acidentes nas estradas. Um balanço realizado pela PRF nesses quatro anos mostra que as condições de saúde dos motoristas podem ser responsáveis por boa parte desses acidentes. Dos motoristas atendidos, 75% estavam acima do peso ideal, 35% fumavam e 28% eram consumidores confessos de medicamentos para retirar o sono.
O cardiologista Amauri Gasques, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diz que a hipertensão é o grande problema que pode atrapalhar a vida dos motoristas e até mesmo levar à morte. ?O problema são as doenças que não provocam sintomas. A hipertensão é uma das que mais têm prevalência sobre a população e que muitas vezes não tem sintomas?, explica.