Foto: Valter Campanato/Agência Brasil |
Papa, na conferência: sem camisa-de-força. |
Aparecida, SP – O discurso que Bento XVI fez domingo, durante a abertura da 5.ª Conferência-Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe servirá de roteiro e orientação para os debates das próximas duas semanas em Aparecida, a 170 quilômetros de São Paulo, mas não uma imposição, porque os bispos terão liberdade para chegar às suas próprias conclusões. ?Não é nenhuma camisa-de-força, mas a reflexão de um papa que tem grande conhecimento do nosso continente?, disse o arcebispo venezuelano de Mérida, d. Baltasar Cardozo, com o apoio do presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), o cardeal chileno Francisco Javier Errázuriz, também um dos três presidentes da Conferência de Aparecida.
O cardeal Errázuriz e d. Baltasar falaram ontem à imprensa, ao lado do arcebispo de Mariana (MG), d. Geraldo Lyrio Rocha, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e segundo vice-presidente do Celam. Os três elogiaram muito todos os discursos do papa em sua visita a São Paulo e Aparecida, mas deram ênfase à sua mensagem aos bispos. Os participantes da conferência de Aparecida terão liberdade de chegar às conclusões que julgarem corretas, mas o documento final do encontro só será divulgado depois da aprovação de Bento XVI. ?Temos audiência marcada para 11 de junho, quando vamos entregar o texto ao papa?, informou o cardeal Errázuriz.
Embora se trate de um documento dos bispos latino-americanos, Bento XVI poderá – ou deverá – fazer algumas pequenas mudanças para a publicação da versão final. ?Não é um documento da Santa Sé, mas os bispos estão em união com o sucessor de Pedro?, observou o cardeal chileno.
Esse foi o alerta também do prefeito da Congregação para os Bispos, o cardeal italiano Giovanni Battista Ré, outro presidente da conferência de Aparecida – aliás, o primeiro da lista de um colegiado que inclui ainda, além de Errázuriz, o cardeal brasileiro Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador ?Desejamos atuar em plena comunhão com o Vigário de Cristo e sucessor de Pedro?, disse o cardeal Ré, na missa que concelebrou ontem cedo, com os bispos, no Santuário Nacional da Padroeira do Brasil. ?A chave para enfrentar com êxito os desafios de hoje na América Latina está em partir do coração do cristianismo, isto é, de Cristo, rosto humano de Deus e rosto divino do homem? ensinou.
D. Geraldo Lyrio concorda que a orientação dada por Bento XVI não deve ser interpretada como camisa-de-força. ?Se o Celam não acolheu todas as sugestões apresentadas pela CNBB, os delegados brasileiros na Conferência de Aparecida poderão retomar os pontos mais importantes e insistir neles?, disse.
Canonização de irmã Dulce sai até 2008
Genebra (AE) – A irmã Dulce deverá ser canonizada até o próximo ano. Isso é o que promete o cardeal português, José Saraiva Martins, prefeito da Congregação das Causas dos Santos no Vaticano e responsável pelos dossiê de pedidos de canonização de todas as partes do mundo. ?Só de candidatos brasileiros já tenho em minha congregação 33 pedidos?, afirmou.
Segundo ele, no segundo semestre do ano, irá realizar cinco beatificações no Brasil. Em 2008, portanto, seria a vez do processo de irmã Dulce chegar ao final e de ser canonizada. ?Isso tem grandes chances de ocorrer?, afirmou. O cardeal ainda brincou: ?em 2007, o Brasil já terá uma canonização (de Frei Galvão), cinco beatificações e a visita do papa ?. Durante a passagem do papa Bento XVI pelo Brasil, na semana passada, o governador de São Paulo, José Serra, entregou ao pontífice um dossiê e uma carta pedindo que o processo de irmã Dulce fosse acelerado.