Petrolina, PE (AE) – O bispo dom Luiz Cappio afirmou ontem que o projeto de transposição do governo federal é ?um projeto político muito endereçado e determinado?, que não abrange o semi-árido como um todo. Na sua avaliação, um plano sustentável de desenvolvimento para o semi-árido tem de conter todo o semi-árido e não apenas parte dele. ?Se não, não é um projeto para os pobres do semi-árido, mas para beneficiar politicamente alguns estados. Este é um dos grandes defeitos do projeto: somente uma parte é contemplada (os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco)?, destacou.
Frei Luiz está hospedado em Petrolina (PE) desde o final da tarde de sexta-feira. Hoje, ele abre um encontro que deverá reunir mais de mil pessoas em Juazeiro (BA). Trata-se do Fórum Permanente em Defesa do Semi-Árido.
O frade afirmou que o documento que apresentou e discutiu com o ministro Jaques Wagner – representando o presidente Lula – numa negociação que durou cinco horas em Cabrobó, e pôs fim à sua greve de fome de 11 dias, inclui todo o semi-árido. Ele defende que o grande objetivo do projeto de convivência com o semi-árido deve ter como principal objetivo melhor qualidade de vida para as populações desta região, prioritariamente os pequenos e pobres.
De acordo com o frade, já existem muitas propostas alternativas ao projeto de transposição do governo, mas elas precisam ser revistas, ordenadas, estudadas. ?Isso não acontece da noite para o dia.? Ele espera que a partir de agora, depois do acordo firmado com o governo federal que garante abertura para um diálogo aberto, é preciso que os que realmente entendem de Nordeste – universidades, técnicos, cientistas, engenheiros hídricos – se ?sentem calmamente para colocarem propostas verdadeiras, racionais e aplicáveis, para serem ouvidas pelo governo?. O bispo voltou a repetir que se o governo não cumprir o compromisso, ele volta para Cabrobó, para nova greve de fome, mas desta vez acompanhado por ?centenas e centenas de pessoas?.
