O presidente regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Rio Grande do Sul, dom José Mario Stroeher, defendeu o delegado da Polícia Federal (PF) Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha. Sem citar o nome do policial, d. Stroeher criticou a “classe dirigente” e pôs em dúvida o interesse dos políticos em realizar reformas. “Quem está sendo criminalizado é o delegado”, enquanto o banqueiro está solto, disse d. Stroeher, sem identificar os nomes de Protógenes e de Daniel Dantas, que foi preso na Satiagraha e libertado por habeas-corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

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A manifestação foi feita em audiência pública organizada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa gaúcha, que contou também com a participação do ministro da Justiça, Tarso Genro. O bispo também criticou “uma casta de privilegiados” que “suga as tetas da nação” e considerou que “a classe dirigente em geral” acaba atuando a serviço do poder econômico. “Será que a classe política quer as reformas ou vão perder o pedágio que lhe é pago?”, indagou.

Para o ministro, fala-se com maior frequência em corrupção do Estado porque ela é cada vez mais combatida. No entanto, o “maior escândalo” recente veio da iniciativa privada, em sua visão, referindo-se às origens da atual crise financeira internacional. “Veio do subprime norte-americano, do grande engendramento e falsificação originária da acumulação sem trabalho”, disse ele, sobre os títulos de hipotecas de alto risco negociados nos Estados Unidos.

Genro defendeu a atuação da PF e afirmou que a instituição não investiga “só os crimes de baixo”. Os “tubarões” que controlam o crime organizado “não moram na favela”, disse o ministro, e estão às vezes “nas altas esferas”. Conforme Tarso, “se alguém tem esperança que com algum tipo de pressão a Polícia Federal vai deixar de investigar o crime organizado nas altas esferas do País, pode perder a esperança.”

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Castelo de Areia

Antes da audiência, em entrevista, o ministro comentou as críticas à Operação Castelo de Areia, deflagrada pela PF no dia 25 de março. Genro disse que a corporação investigou o caso durante aproximadamente um ano e dez meses sem que houvesse vazamento de informações. Ele voltou a afirmar que, após a entrega do relatório à Justiça e ao Ministério Público (MP), foram divulgados dados “secundários” ao inquérito, que investigou doleiros, lavagem de dinheiro e ilegalidades financeiras. A oposição afirmou que houve viés político no vazamento de informações da operação relacionadas a supostos delitos eleitorais.

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