A guerra política nas redes sociais não tem fim. Dessa vez a vítima foi o empresário do ramo gastronômico de Curitiba, Beto Madalosso. Uma notícia falsa (fake news) foi requentada e circulou no início dessa semana dizendo que o empresário teria colocado cartazes dizendo que bolsonaristas não eram bem vindos em seu restaurante, que inclusive teria falido.

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As mentiras correram rápido em grupos específicos, ligados à extrema-direita, e foram compartilhadas até por Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. A propagação da notícia falsa gerou uma avalanche de ofensas, xingamentos e até ameaças à integridade física de Beto na caixa de mensagens do seu perfil no Instagram (directs).

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A primeira inverdade trata da colocação de cartazes dizendo que bolsonaristas não eram bem vindos. “Sofro com isso desde junho de 2022. Alguém postou que eu teria dito isso, mas eu nunca disse e nunca coloquei cartaz algum. Apesar das minhas críticas ao governo, seria uma idiotice completa. Todos são bem vindos aos meus restaurantes”, disse Beto Madalosso à Tribuna.

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O problema é que por mais que ele tente desmentir a notícia falsa, o modus operandi deste tipo de propagação de fake news é eficiente. “Eles vão falando, mentindo, criando histórias e tudo ganha uma projeção absurda. Eu fico só olhando, sem ter muito o que fazer. Eu falo que é mentira, que não aconteceu, mas não adianta. Na época fizemos um comunicado oficial, os veículos sérios como a Tribuna divulgaram, mas depois que viraliza, as pessoas só acreditam no que elas querem acreditar”, lamentou.

A decisão de fechar a sede física de um de seus empreendimentos, o Trolha, foi a responsável pela volta desta fake news do cartaz. A decisão, considerada normal e estratégica para o seu negócio, virou o combustível para mais uma notícias falsa.

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“Eu fiz mesmo um vídeo falando que decidi fechar a sede do Trolha, mas era uma experiência. Ele vai voltar em outro local e formato (o lanche continua sendo vendido pelo delivery e produzido no Carlo Ristorante, outro empreendimento de Beto). Isso gerou um novo ataque, junto com o lance do cartaz, coordenado e nacional. Tudo por conta de uma mentira de 2022”, explicou.

O fato da mensagem ser compartilhada por Flávio Bolsonaro não surpreendeu Beto, mas a frustração como o mecanismo de propagação funciona é grande. “Não imaginava que fosse chegar tão longe, mas não é novidade. As pessoas vão mandando, um portal divulga, um político ou um influencer compartilha, e postam para ter mais engajamento. É assim que nasce a fake news”.

Ameaças e ofensas

Ao “pipocar” no ZapZap das pessoas, a fake news ganha proporções inimagináveis e até perigosas. O próprio empresário compartilhou algumas das mensagens em seu perfil no Instagram e diz ficar chateado com este tipo de situação.

“É difícil falar, pois pode gerar novos ataques. Mas já fiz até boletins de ocorrência. É muito xingamento, muita gente torcendo para minha falência, mas até aí tudo bem. É ruim, mas aprendi a lidar. O problema é quando ameaçam a mim, meus negócios e minha família. Até minha mãe já xingaram”. Beto é filho de Carlos Madalosso e sobrinho de Flora Madalosso, fundadores do tradicional restaurante de Santa Felicidade.

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“Não da pra dizer que não chateia. Você acorda, abre tuas redes sociais e do nada vem uma enxurrada de xingamentos. Mas aprendi a lidar. Leio tudo e penso apenas que as pessoas estão falando sobre coisas que elas não sabem. Até tento responder alguns. Mas no fim, conto até dez e sigo minha vida. A gente fica calejado com o passar do tempo”, desabafou Beto.

O empresário faz questão de exaltar que respeita as diferenças e divergências. “Alguns dos meus melhores amigos pensam totalmente diferente de mim. E tá tudo bem, a gente se respeita. As pessoas precisam se respeitar”.

Apoio e soluções

Antiga sede do Trolha, fechada por decisão do empresário. Lanche segue vendido por delivery. Foto: Divulgação

Beto explica que os ataque são pontuais e nem se comparam à quantidade de mensagens de apoio que ele recebe, seja pelas mesmas redes sociais em que é atacado, seja ao vivo, em seus restaurantes. “Uma notícia saí, chovem mensagens. Só aí vou descobrir o que aconteceu. Mas de ontem pra hoje, foram umas 1500 mensagens de apoio, uma galera solidária, que me abraça e diz que tá junto. Nos restaurantes, as pessoas levantam das mesas e vem me abraçar”, revelou.

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A solução pra o problema das fake news ainda é incerta, mas Beto acredita que algo precisa ser feito. “Não tem um cartaz, uma entrevista, uma foto ou fala sobre isso de bolsonaristas não serem bem vindos no meu restaurante. Mentem sobre mim e não consigo fazer nada. Sou um entusiasta da regulação das redes, mas nem sei detalhes sobre isso. Mas tem que haver responsabilização sobre quem inventa e propaga mentiras”, concluiu.

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