O secretário-geral do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), é o novo presidente nacional do partido. Por volta das 18h de ontem – com cerca de 94% da apuração concluída e uma diferença superior a 6 mil votos – o deputado estadual Raul Pont (RS), da Democracia Socialista, telefonou para o adversário do Campo Majoritário e admitiu a derrota. ?Temos um desafio grande pela frente que é manter o partido unido e estabelecer uma relação razoável entre o PT, a bancada e o governo?, afirmou Berzoini.
Pont declarou-se satisfeito com o resultado. ?A metade do partido está de acordo com as nossas propostas; o governo terá de ouvir mais o PT.? A última parcial divulgada ontem, às 19h, dava ao deputado estadual gaúcho 105.257 votos, ou 48,4%; Berzoini tinha 112.348 votos, 51,6%. Os números finais serão divulgados amanhã.
Depois do sinal verde de Pont, o coordenador das eleições petistas, Francisco Campos, confirmou o resultado. ?Com 95,6% dos votos totalizados, é matematicamente impossível que Pont ultrapasse Berzoini?, declarou Campos.
Com apoio de basicamente todas as correntes de esquerda e centro do PT, Pont cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governo maior ?sintonia? com o partido. ?Sem mexer na taxa de juros e outras iniciativas, acho muito difícil chegar a essa sintonia, pré-requisito para disputar a reeleição.? A esquerda quer, principalmente, mudanças na política econômica e na política de alianças.
Berzoini admite que terá de ?dialogar muito dentro do diretório nacional e da executiva? para reunificar o PT. ?O fundamental na área econômica é aprofundar a execução orçamentária, ter uma visão menos conservadora e acelerar a queda de juros?, disse. ?Mas o fundamental no partido é permitir que se faça esse debate de idéias, entre quem defende ajustes no modelo atual – que é vitorioso – e quem defende outro modelo.? O diretório deve fazer isso com ?tranqüilidade? para definir ?posições claras?. Nenhuma dessas posições, disse, deverá configurar ?oposição? ao governo Lula.
Em números absolutos, Berzoini deve fechar uma votação menor no segundo turno do que alcançou na votação do dia 18 de setembro, destacou o terceiro colocado na eleição presidencial do PT, Valter Pomar, da Articulação de Esquerda. ?O ex-Campo Majoritário obteve uma vitória eleitoral, mas foi uma derrota política?, disse. ?Se o grupo do Plínio de Arruda Sampaio (4.º colocado) não tivesse saído do PT, a vitória seria da esquerda, do Raul.?
O Campo Majoritário caiu de 42 para 34 das 81 cadeiras no diretório, instância máxima do partido. Coordenador do grupo moderado que domina o PT há dez anos, Francisco Rocha acredita que a redução da influência do Campo no comando do PT é relativa. ?Nós construímos nossa maioria e mantemos a direção em quase todos os estados?, declarou. Para o presidente nacional da legenda, Tarso Genro, sem maioria isolada de nenhuma corrente o diretório terá de negociar mais e o sucessor terá uma ?governabilidade mais qualificada?.