Foto: Aliocha Maurício/O Estado |
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Berzoini: presidente licenciado agora terá de depor na PF. |
O deputado federal Ricardo Berzoini (SP) anunciou ontem que se licenciou do cargo de presidente nacional do PT, após se reunir com a executiva nacional durante seis horas, na sede do partido, na capital paulista. O cargo de presidente do PT será ocupado por Marco Aurélio Garcia, que acumula a coordenação nacional da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Berzoini, a decisão tem o objetivo de ?garantir a unidade e coesão do PT?. ?No calor da campanha, esses fatos e versões vêm sendo utilizados por aqueles que querem impedir o Brasil de continuar avançando para uma democracia plena, com justiça social?, disse Berzoini, lendo uma nota encaminhada à militância do PT, referindo-se à participação de petistas na compra do chamado dossiê Vedoin. ?Reafirmo que jamais incentivei, determinei ou concordei com nenhuma forma de ilegalidade ou irregularidade nos assuntos que estiveram sob a minha responsabilidade, razão pela qual tenho total interesse no aprofundamento e conclusão das investigações?, acrescentou o parlamentar.
Nem mesmo a manifestação feita ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a qual a saída de Berzoini não provocaria nenhum ganho à campanha de reeleição, foi suficiente para demovê-lo da idéia de se afastar do cargo. ?Recebi com satisfação a manifestação do presidente, mas foi uma decisão a partir do debate com membros da Executiva. A posição do presidente da República me deixou à vontade para isso (pedir o afastamento), porque demonstrou confiança em mim?, declarou.
Berzoini e o novo presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, recusaram-se a estimar em quanto tempo o deputado poderá retornar ao cargo, ou se poderá deixar definitivamente a presidência da legenda. ?O objetivo foi de não deixar embaraço para o pleno andamento da Executiva?, insistiu o parlamentar, acrescentando que tem interesse que ?as instituições democráticas? investiguem e tirem conclusões sobre o episódio da compra do dossiê.
Garcia, por sua vez, usou de ironia ao comentar o fato de ele assumir a presidência do PT. ?Tenho absoluta certeza que rapidamente será lançada luz sobre esse episódio (da compra do dossiê) e vou me ver livre desse abacaxi muito pronto, e vou devolvê-lo ao meu amigo Berzoini?, declarou. Indagado se a presidência do PT significava para ele um abacaxi, Garcia respondeu: ?Não é um abacaxi. É um abacaxi para mim, porque eu não sou, em primeiro lugar, uma pessoa que esteja à altura dessa responsabilidade. Em segundo, porque tenho outras preferências, que é servir meu partido na Comissão Executiva, sem dúvida nenhuma no governo, e nas atribuições que eu tenho na assessoria da Presidência da República?.
Depoimento na PF
Ricardo Berzoini agora terá de prestar depoimento na Polícia Federal sobre o dossiê Vedoin. A PF decidiu ouvir o presidente licenciado do PT a partir da análise de ligações telefônicas realizadas e recebidas pelo empresário Valdebran Padilha e pelo ex-agente federal Gedimar Passos, protagonistas da farsa do dossiê contra candidatos tucanos. O depoimento deverá ocorrer na próxima semana, em Brasília. Como deputado, Berzoini poderá marcar dia e hora.
Protagonistas do dossiê se desfiliam
São Paulo (AE) – Os petistas Hamilton Lacerda, ex-coordenador de Comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo; Jorge Lorenzetti, ex-analista de Mídia e Risco da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho, e Expedito Afonso Veloso, ex-diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil, pediram desfiliação do Partido dos Trabalhadores (PT) ontem.
Todos estão entre os envolvidos no episódio da tentativa de compra do dossiê Vedoin, que tinha por objetivo prejudicar a candidatura de tucanos nas eleições deste ano. Hamilton Lacerda encaminhou uma carta ao Diretório Estadual do PT em São Paulo, solicitando sua desfiliação. Um dirigente do partido, que conversou com o ex-assessor de Mercadante pouco antes da entrega do documento, afirmou que ele considerou que a desfiliação seria o melhor caminho para evitar prejuízos à candidatura de Lula à reeleição. ?Ele disse que achou melhor se afastar?, disse o dirigente.
