Berzoini reassume o PT após posse de Lula

Foto: Aliocha Maurício/O Estado

Ricardo Berzoini: perdão de Lula foi decisivo para ele voltar.

O presidente afastado do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), reassumirá o comando do partido na próxima quarta-feira. Licenciado da direção petista desde 6 de outubro, após ter o nome envolvido no escândalo do ?dossiê Vedoin?, Berzoini conversou quinta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. Estava aliviado com a conclusão do inquérito da Polícia Federal, que o isentou de responsabilidade pela trama da compra do material com acusações contra tucanos. ?Você tem o direito de voltar?, disse Lula a Berzoini, segundo relato de auxiliares do Planalto.

O presidente o afastou da coordenação de sua campanha em setembro, quando estourou a crise. Na época, chamou de ?bando de aloprados? os petistas que tentaram comprar por R$ 1,75 milhão o material com denúncias ligando o tucano José Serra, hoje governador eleito de São Paulo, à máfia dos sanguessugas. Em outubro, sob pressão de Lula, a cúpula do PT pediu que Berzoini se afastasse da direção do partido. ?Tive uma conversa muito boa com os dois presidentes, Lula e Marco Aurélio Garcia?, disse o deputado, numa referência ao presidente interino do PT, que lhe devolverá o cargo na próxima semana e continuará na assessoria de Assuntos Internacionais do Planalto. ?Falamos sobre tudo, desde meu retorno à ampliação da participação social no segundo mandato.?

Sondagens

Antes da conclusão do relatório da PF, emissários de Lula chegaram a sondar petistas do antigo Campo Majoritário para a possibilidade de substituição de Berzoini, no fim de 2007, quando o PT deve antecipar a eleição direta para escolher nova direção. Ninguém aceitou.

O retorno do presidente do PT, no entanto, promete acirrar a luta entre as correntes petistas. O mal-estar começou hoje mesmo quando Berzoini telefonou para o secretário-geral interino do PT, Joaquim Soriano, e comunicou a sua volta. ?Ele vai reassumir no estertor do Campo Majoritário, sem acusação criminal, mas sem legitimidade, por defeito do estatuto do PT?, protestou Soriano, da Democracia Socialista. Disse que não importa o resultado das investigações da PF nem a conclusão da CPI dos Sanguessugas. ?Nossa crítica é porque Berzoini afirmou, diante da coordenação da campanha de Lula e da Executiva do PT, que era o responsável pela contratação dos aloprados?, insistiu.

Na prática, o acerto de contas só será feito no 3.º Congresso do PT, marcado para 6, 7 e 8 de julho, quando petistas vão revisar tanto o estatuto como o ideário da legenda. Mesmo com o retorno de Berzoini, integrantes de alas do PT propõem que o Congresso – instância máxima de deliberação da sigla – antecipe a eleição direta, com voto dos filiados, para a escolha de nova direção.

Nesse caso, não apenas Berzoini como todos os secretários sairiam em nome de uma renovação no partido, atingido em cheio por avalanche de crises e escândalos. Eleito em outubro de 2005 para mandato que só termina em 2008, o deputado amenizou o fogo amigo e disse não ver manobra na proposta.

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