Sete testemunhas arroladas pela acusação do caso Bernardo Boldrini prestaram depoimento à Justiça de Três Passos nesta segunda-feira, 08, e confirmaram que o garoto, encontrado morto em 14 de abril deste ano, era submetido a pressões psicológicas, descaso, provocações e situações de abandono pelo pai, o médico Leandro Boldrini, e a madrasta Graciele Ugulini.
A retomada das audiências ocorreu no período em que Bernardo poderia estar comemorando os 12 anos, que teria completado no sábado, se estivesse vivo. A comunidade não esqueceu e encheu as grades da casa onde ele vivia de flores e cartazes manifestando saudade e pedindo Justiça. O Ministério Público acusou o pai e a madrasta e mais os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz pelo crime.
Uma das testemunhas, a secretária da clínica de Leandro, Andressa Wagner, revelou que a madrasta chegou a falar em “dar um fim” no garoto ou interná-lo e que havia orientação para impedir o acesso de Bernardo ao local. A babá Elaine Wentz revelou que o pai e a madrasta chegaram a usar palavrões para se referir à mãe de Bernardo, Odilaine Uglione, que se suicidou em 2010, e queimaram as fotos dela. Graciele, em um acesso de raiva, chegou a acusar o menino de ter matado a mãe e querer matar o casal. Outra babá, Lori Heller, que cuidou de Bernardo quando a mãe dele era viva, disse que Leandro trabalhava bastante e sempre pedia para ela cuidar bem de Bernardo.
O empresário José Carlos Petry e sua mulher Juçara Petry, contaram que o garoto ia para a casa deles diversas vezes por semana, se queixava de não poder brincar com a irmã, filha do pai com a madrasta, de comer muitos ovos e recebia roupas emprestadas por eles para dormir.
Professora do Colégio Ipiranga, no qual Bernardo estudava, Simone Müller, relatou que o pai e a madrasta não foram à escola procurá-lo no dia do desaparecimento. Uma funcionária do colégio, Rosane Neuhaus, recordou que na semana em que desapareceu Bernardo havia recebido a promessa de que ganharia um aquário e demonstrava alegria por isso.