São Paulo – O papa Bento XVI deixou o Brasil às 20h55 num avião da Alitalia, modelo Boeing 777-200. O pontífice embarcou às 20h33: do alto da escada que o levou à aeronave, deu o último aceno para os brasileiros. No discurso de despedida do País, o pontífice afirmou que vai ?guardar na memória? as demonstrações de ?entusiasmo? e ?piedade? dos brasileiros. O Brasil, de acordo com a Igreja, ?soube dar pujante demonstração de fé em Cristo e de amor pelo sucessor de Pedro?.

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Ao lado do vice-presidente José Alencar, na Base Aérea de Guarulhos, na Grande São Paulo, o líder dos católicos agradeceu pelas ?provas de delicadeza? das autoridades federais e estaduais. ?Tende a certeza de que levo todos no meu coração?, disse, pouco antes de embarcar num Boeing 777-200 da Alitalia.

Alencar saudou Bento XVI e disse que o governo brasileiro compartilha com o ?Santo Padre? ?a percepcão de que existe um vazio de esperança no mundo da globalização?. O papa passou cinco dias no Brasil, parte em São Paulo, onde canonizou o primeiro santo nascido no Brasil, Frei Galvão, e parte em Aparecida, onde abriu a Conferência-Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.

Bem-comum

Pouco antes de embarcar de volta a Roma, disse que pede a Deus ?que ajude os responsáveis, seja no âmbito religioso ou no civil, a imprimir um passo decidido àquelas iniciativas, que todos esperam, pelo bem-comum da grande família latino-americana?. Com tom bem mais ameno que o das críticas feitas durante os dias em que participou de eventos nas cidades de São Paulo, Aparecida e Guaratinguetá, o papa deixou sua saudação final e seus agradecimentos a políticos, autoridades religiosas e consulares.

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Bento XVI se referiu ao Brasil como ?terra abençoada? e disse que, ao deixar o País, eleva-se em sua alma ?um hino de ação de graças ao Altíssimo, que me permitiu viver aqui horas intensas e inesquecíveis?.

Alerta contra o autoritarismo

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São Paulo – Em seu último dia de viagem, o papa Bento XVI alertou para o ressurgimento de ?governos autoritários? na América Latina e cobrou o ?pluralismo de posições políticas?. Apesar de não citar os países que criticava, o pontífice deixou claro que nem o marxismo nem o capitalismo da forma que existe hoje podem dar respostas às sociedades para que haja justiça social. Pediu ainda que seja preenchido o vazio causado pela falta de líderes políticos católicos na região.

Esses foram alguns dos principais recados do papa no discurso de uma hora com que abriu a 5.ª Conferência-Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, ontem em Aparecida. O objetivo do encontro é o de buscar nova estratégia para a evangelização e definir o papel da Igreja nos debates políticos e sociais do continente.

Os 162 delegados – cardeais e bispos de 22 conferências -, peritos, representantes de outras religiões e assessores, num total de quase 300 participantes, aplaudiram quando o papa disse que marxismo e capitalismo não conseguiram soluções para os problemas sociais e que a Igreja perde a independência quando trata de política, porque o ?trabalho político não é o trabalho da Igreja?.