Condenado a oito anos de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico e considerado foragido da Justiça desde o dia 11, o cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, decidiu se defender das acusações. Ele gravou um vídeo em que admite que errou ao mentir no primeiro depoimento, dizendo que a voz da gravação da conversa telefônica com o traficante Waldir Ferreira, o Vado, não era sua. O empresário de Belo, Paulo Herculano Barroso, disse que ?ninguém sabe a data e o local em que foi feita a gravação, só o Belo.? O advogado dele, Humberto Telles, disse que não sabia da existência da fita.
Sem citar nomes, Belo diz que foi mal orientado na época do depoimento e que por isso pediu à Justiça que fosse novamente interrogado para esclarecer o episódio, mas seu pedido foi negado. ?Eu também tenho um pouco de culpa e estou aqui para pedir perdão aos meus julgadores porque acho que induzi eles ao erro.?
Em outro trecho da gravação, o cantor argumenta que seus sigilos bancário e telefônico foram quebrados e nada que pudesse incriminá-lo foi encontrado. Por isso, segundo ele, seria injusto pagar por um crime que não cometeu. ?Estou sendo condenado a oito anos por um crime que não cometi. Não acharam drogas, armas, dinheiro, não acharam nada. Estou condenado porque atendi a um telefonema que fizeram para minha casa?, diz.
Para justificar a conversa telefônica com Vado – chefe do tráfico na Favela do Jacarezinho que morreu quatro meses depois -, o cantor afirma que, por ser um artista, faz shows em comunidades carentes e que não faz distinção das pessoas que procuram falar com ele.
Nos telefonemas, em abril do ano passado, Vado pede R$ 11 mil para o cantor. Com base nas conversas, Belo foi condenado a seis anos de prisão em dezembro de 2002. Na semana passada, a sentença foi aumentada em dois anos e Belo perdeu o direito de recorrer em liberdade. Desde então, a polícia o procura.