Ao ser interrogado pelo juiz do 1º Tribunal do Júri Carlos Alberto Garcete de Almeida, Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, admitiu ser traficante, mas negou que tivesse qualquer motivo para ordenar a morte do seu ex-aliado João Morel, brasileiro que vivia na cidade paraguaia de Capitan Bado e que, segundo ele, “mexia com contrabando de café e de cigarro”. Já os filhos de Morel, afirmou, “mexiam com coisa errada”.

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Quando o juiz questionou se conhecia Morel, Beira-Mar disse que apenas o conhecia de vista por ter morado na mesma cidade, mas jamais teve amizade com a vítima. Garcete então lembrou o fato de o senador Magno Malta (PR-ES), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico, ter dito que soube que Beira-Mar hospedava-se no sítio de Morel. O acusado não se fez de rogado: “CPI hoje em dia não existe para investigar ninguém, mas para ser palco para os políticos.”

Beira-Mar, que confessou ter ligações com o Comando Vermelho – mas negou ser líder da organização – disse que jamais respondeu na Justiça por homicídio, apenas por condenações por tráfico. Segundo o réu, na rebelião de Bangu 1, em 2002, ele ajudou a salvar vidas de agentes penitenciários e de um líder da facção adversária, do qual não citou nome.

Plantação

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Em seu depoimento, Beira-Mar disse ainda que “traficante não precisa ter plantação”. Segundo ele, “no Paraguai, em qualquer esquina se consegue comprar arma, maconha, cocaína, qualquer tipo de entorpecente”. “Não preciso plantar para ter o produto.” À promotora Luciana Nagib, o réu explicou que são tantos plantadores de maconha que não há monopólio na venda, todos vendem.