Laudo de empresa terceirizada diz que o brinquedo Vainkará, do Beach Park, onde morreu um radialista paulista em julho do ano passado, apresenta falha de projeto, alterando a trajetória da boia independentemente do peso, o que foi determinante para ocorrer o acidente. Excesso de peso e falhas na distribuição de peso da boia foram as causas do acidente apontadas pela Polícia Civil.

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Desde a conclusão do laudo da polícia, Beach Park nega que tenha sido excesso de peso e tenta comprovar que houve falha do fabricante do brinquedo e não dos funcionários que operavam no local. Laudo que aponta falha de projeto foi feito por empresa contratada pelo parque.

O turista de Sorocaba Ricardo José Hilário da Silva, de 43 anos, morreu em 16 de julho após cair do brinquedo Vainkará, inaugurado dias antes pelo Beach Park, em Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza. Silva descia com um grupo de três amigos no brinquedo quando foi arremessado da boia e acabou batendo a cabeça no chão, tendo traumatismo craniano com morte imediata.

“O design do referido toboágua resulta em situações onde a boia se torna instável e não segura, mesmo quando o peso dos usuários soma menos que os 320 kg recomendados pela ProSlide”, diz o relatório da ESi, empresa americana contratada pelo Beach Park para uma perícia externa.

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“O aspecto-chave do toboágua que compromete a segurança dos usuários é a trajetória seguida pela boia na segundo onda-tornado de gravidade zero. Essa trajetória irregular se dá devido ao design do toboágua”, diz. A emprea é referência no mercado em investigações dessa natureza, já tendo trabalhado em locais como Disney World Orlando, Universal Studios, Busch Gardens e Sea World.

Em nota o Beach Park destaca que “desde o ocorrido, busca entender de forma científica o porquê do acidente, considerando que sempre cumpriu com todas as normas de seguridade e que é reconhecido, dentro e fora do País, por seguir tais parâmetros com eficiência e precisão. Desde então, por decisão do Beach Park, a atração está fechada”.

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O relatório final da empresa ESi causou indignação ao Beach Park. A empresa contratada para a realização do projeto e instalação da atração – ProSlide, uma das grandes empresas do ramo no mundo – era, até então, fornecedora do Beach Park. Como praxe, as empresas que fazem os projetos e a instalação de brinquedos em parques aquáticos no mundo inteiro são responsáveis por garantir a excelência do projeto e da instalação. Aos parques, cabe escolher um fornecedor tido como qualificado e garantir que a operação do brinquedo se dê de forma adequada, como consta nos manuais dos próprios fabricantes.

A ProSlide disse que não ia se pronunciar sobre a perícia paralela e que está contribuindo para as investigações.

A questão do peso na boia foi colocada à época do acidente como fator determinante para tal. O laudo da Polícia Civil reforça essa ideia baseando-se em apenas cinco testes realizados, ignorando diversos fatores observados nas simulações promovidas a pedido do parque. Por isso, o Beach Park recorreu à Justiça em novembro do ano passado pedindo a anulação do laudo oficial e a realização de uma nova perícia.

O relatório da perícia norte-americana também põe fim a esse debate ao afirmar que “com o erro de projeto, não importa o peso da boia, pois acidentes poderiam ocorrer com qualquer peso”, como se deu nos diversos testes realizados pela empresa. “Resumindo, o design e a configuração do referido toboágua resultam em trajetórias inaceitáveis, mesmo com usuários de peso dentro dos limites recomendados. Ademais, o design resulta em trajetórias imprevisíveis, mostrando que a segurança não é peso-dependente. Antes, a segurança ou não dos usuários do toboágua é diretamente influenciada pelo design/configuração”, finaliza o relatório da perícia, que foi protocolado recentemente no Ministério Público.

“Diante da perícia e com a certeza de ter seguido todos os procedimentos corretos na operação da atração, o Beach Park está avaliando as medidas jurídicas aplicáveis ao caso”, afirma a nota do Beach Park.