Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
A decisão do senador Sibá Machado, de convocar depoentes com a
intenção de comprometer entidades e pessoas que atuaram no governo do
presidente Fernando Henrique Cardoso, alterou o ânimo da casa.

Instalada há seis meses, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs, encarregada de investigar desvios no repasse de dinheiro público para Organizações Não-Governamentais, ainda não deu sinais de que irá sobreviver ao boicote do governo para brecar as apurações. O impasse ficou patente pelo bate-boca nesta terça-feira (11) entre senadores e pela decisão do senador Sibá Machado (PT-AC) de convocar depoentes com a intenção de comprometer entidades e pessoas que atuaram no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

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Sua iniciativa não deu o resultado que ele esperava. E tanto a ex-chefe de gabinete do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marisa Rotenberg, como o diretor da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Brasil Central (Adebrac), Jair Heitor Duarte, conseguiram rebater as supostas irregularidades apontadas por Sibá. A outra convocada do petista, a representante da ONG Amanaka’a Amazzon Network, Maria José Weiss, não foi encontrada pela comissão.

O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) chamou de "palhaçada" a tentativa da base do governo de impedir a investigação de entidades suspeitas de terem cometido irregularidades. "Que vergonha, vamos parar com isso, o senhor (senador Sibá) sabe que a sociedade brasileira está a nos assistir", alegou. "O que está se tentando fazer aqui é um crime, o senhor não quer é que sejam ouvidos os deputados do PT", acrescentou, referindo-se à bronca dada por Sibá no início da sessão pelo vazamento na imprensa do nome de deputados petistas ligados a ONGs.

Aos gritos, Sibá reagiu. Disse que não aceitava "ordem de ninguém, como se fosse meu pai". "Não se trata de gritar comigo, que eu não sou moleque, meus requerimentos tratam de entidades que segundo o TCU (Tribunal de Contas da União) apresentaram dificuldades na prestação de contas". E continuou, aos berros: "Todo mundo está nesta Casa porque tem alguma qualidade para estar aqui. Não aceito recado, não sou menino, não sou criança, sei das minhas responsabilidades".

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Heráclito chamou de "melodrama" a reação de Sibá Machado. "Eu não quis ser o seu pai, até porque a idade não permite, e em momento nenhum vou mandar recado", afirmou, provocando Sibá em seguida. "Grite mais alto, o senhor está falando baixo, é o desespero da base do governo". Os apelos do presidente da CPI, senador Raimundo Colombo (DEM-SC), para que os dois colegas se calassem não deu certo. A certa altura, quando ouviu Sibá afirmar que "quem preside a comissão está sob suspeita", foi Colombo quem se exaltou. "O senhor tenha respeito comigo", afirmou.

Aliada de Sibá Machado, a senadora Fátima Cleide (PT-RO) pôs mais lenha na fogueira ao pedir que Heráclito não mais se referisse à base do governo com o termo "palhaçada". "Porque eu não sou palhaça, não estou aqui para servir de palhaça, estou aqui cumprindo o meu papel da mesma forma que o senhor", afirmou. Heráclito Fortes respondeu, dizendo que "o poder da censura tomou conta da CPI". "A base do governo quer me fiscalizar. Agora, que é palhaçada o que vocês estão fazendo, é" alegou. Ele explicou que não queria agredir a colega. "O que falei é que estavam fazendo uma palhaçada. Se a carapuça lhe caiu, me perdoa".

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