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Foto: Arquivo/O Estado
Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça: evitando a convocação.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ofereceu-se ontem para prestar esclarecimentos no Congresso sobre o episódio da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Em ofício encaminhado aos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Bastos disse que comparecerá a qualquer uma das casas do Legislativo, em data a ser marcada e de acordo com a vontade dos parlamentares. Além de enviar o ofício aos dois presidentes, Bastos telefonou para eles ontem à tarde para reiterar a intenção de falar no Congresso.

Renan e Aldo combinaram de fazer uma sessão conjunta do Senado e da Câmara para ouvir o ministro. Vão negociar com ele a melhor data. Bastos pretende dizer que não teve nada a ver com a violação do sigilo bancário do caseiro. E que nem autorizou seu chefe de gabinete, Cláudio Alencar, e o secretário de Defesa Econômica, Daniel Goldberg, a conversarem com o ex-ministro Antônio Palocci na noite do dia 16, entre 23h e meia-noite, para tratar das formas de investigar a movimentação bancária do caseiro.

Os dois auxiliares de Bastos já prestaram depoimento à Polícia Federal. Contaram que foi o próprio ministro Palocci quem os chamou. Disseram ainda que Palocci os consultou sobre a possibilidade de pôr a PF e a Secretaria de Defesa Econômica nos calcanhares de Francenildo. O caseiro desmontou as afirmações de Palocci à CPI dos Bingos, pois o então ministro da Fazenda, ao prestar depoimento ali, afirmou que nunca freqüentara uma mansão no Lago Sul, em Brasília, alugada por seus ex-auxiliares na Prefeitura de Ribeirão Preto. No local reunia-se a chamada ?República de Ribeirão?. Francenildo disse que Palocci ia lá semana sim semana não. O caseiro disse ainda que na mansão era repartido dinheiro e havia festinhas com garotas de programa.

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Ao contrário de Bastos, o governo ainda não está convencido de que o ministro da Justiça deva satisfações ao Congresso. Depois de visitar o presidente da Câmara, ontem pela manhã, o ministro da Coordenação Política, Tarso Genro, disse que o governo entende que não há nenhum indício de envolvimento de Bastos na quebra do sigilo bancário do caseiro. ?Pelo contrário. Tudo indica que ele agiu imediatamente, mandou apurar logo?, afirmou. Por isso, segundo o ministro, o governo não vê motivo para a convocação de Bastos. Mas Tarso Genro ressalvou que se houver negociação com os parlamentares e o ministro aceitar prestar depoimento, isso é um problema dele.

O presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), disse que o ministro da Justiça tem de comparecer imediatamente ao Congresso ?Ele próprio tem que dar explicações. Afinal de contas, ele é o ministro da Justiça.? O líder da minoria no Senado, José Jorge (PE), disse que em hipótese nenhuma acredita que os dois auxiliares de Bastos foram espontaneamente à casa de Palocci, sem que o chefe soubesse. Já o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), afirmou que a visita de Alencar e Goldberg a Palocci ainda não foi esclarecida.

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