Base propõe que CPI dos Cartões inclua governo FHC

Numa manobra para neutralizar o bombardeio da oposição, o presidente Lula autorizou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a coletar assinaturas para abrir uma CPI na Casa sobre as compras com cartões corporativos. Detalhe: a CPI pretende investigar as despesas do governo desde janeiro de 1998 até hoje. O período atinge a administração de Fernando Henrique Cardoso, que assumiu a Presidência em 1994 e criou os cartões em 2001.

No fim da tarde, Jucá obteve 35 assinaturas – 8 a mais que as necessárias – e protocolou o pedido de CPI na Mesa do Senado. Na prática, o governo quer enterrar a CPI dos Cartões que o PSDB tenta instalar, com apoio do DEM. Para articuladores do Planalto uma CPI da Câmara e do Senado paralisaria o governo neste ano eleitoral. A tática foi optar por uma contra-ofensiva para constranger a oposição e esvaziar as investigações.

Ontem, já na sessão de abertura dos trabalhos do Congresso, Jucá circulava no plenário, buscando apoio de colegas para o pedido de CPI para apuração de ?eventuais irregularidades? no uso de ?suprimentos de fundos?, incluindo contas bancárias, cartões de pagamento e saques em espécie. A menção aos ?suprimentos de fundos? foi necessária porque o cartão corporativo só foi criado em 2001.

?Queremos comparar a série histórica dos últimos 10 anos para discutir os gastos públicos?, afirmou Jucá, que também foi líder do governo FHC. ?Vamos mostrar que as tapiocas são iguais: só muda o gosto?, ironizou, referindo-se à compra de R$ 8,30 com cartão feita pelo ministro do Esporte, Orlando Silva, em uma tapiocaria.

Ao saber que a investigação incluía o governo FHC, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), informou em nota que entrará no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação para que o governo informe seu gasto em cartão corporativo quando foi secretário-geral da Presidência de FHC e ?outra para que sejam abertas todas as despesas efetuadas em cartões corporativos?. Ele acusou o governo de querer transformar a CPI em pizza. ?O PSDB não compactuará com nenhuma tentativa de setores governistas de, pretensamente antecipando-se às oposições, propor CPI para transformar em pizza uma investigação sobre o escândalo dos cartões?, afirmou na nota.

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