Base aliada reclama da interferência do Planalto

Brasília – Muitos aliados estão reclamando da interferência do governo nas eleições. O próprio Lula já está em campanha camuflada. Em viagens pelo Brasil, ele tem aparecido ao lado de candidatos petistas. É uma forma de prestigiar o candidato de forma antecipada e, com isso, evitar subir no palanque durante o período eleitoral.

“Haverá incômodo se o presidente subir nos palanques. Agora, não vejo problema se um ministro partidário apoiar o seu candidato. Até porque se o ministro Tarso Genro (Educação) for ao Rio para fazer campanha, as pessoas vão perguntar de quem ele é genro”, provoca o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ).

Primeiro escalão terá limites nas campanhas

Brasília

– Preocupado em não acirrar disputas e divisões na base aliada durante as eleições municipais, o Palácio do Planalto deve estabelecer limites para a atuação dos ministros na campanha deste ano. O ministro Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) vai propor ao núcleo de coordenação política regras claras para a ação e a presença de ministros em palanques. No governo há uma divisão entre os ministros petistas, que querem a participação, e os não petistas, que rejeitam, para não ter de enfrentar a máquina na campanha de seus candidatos.

“Não deve ter proibição para um ministro, mas é preciso estabelecer regras claras. Vou apoiar meus candidatos na Bahia”, avisa Jaques Wagner. Segundo ele, o governo vai analisar casos específicos. Como o do Rio de Janeiro, onde disputam os deputados federais Jorge Bittar, pelo PT, e Jandira Feghali, do PCdoB. Nesse caso, Wagner acredita que é preciso ter cuidado para que a presença de um ministro em determinado palanque não cause desconforto ao outro candidato: “Cada ministro pode ter um candidato. Mas é preciso calma para evitar conflitos”.

Para Wagner, só deve haver impedimento para um ministro em caso de conflito na base. Ele alerta para a necessidade de proibição do uso da máquina e avalia que este é o limite ético: “Não se pode pôr a máquina do governo na campanha. Isso não vai acontecer”, diz ele, que aposta que, dependendo da popularidade do governo no período eleitoral, muitos candidatos aliados podem evitar nacionalizar a campanha. Já o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PPS), diz que os limites devem ser estabelecidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “É Lula quem vai orientar como será nossa atuação”.

Abusos

Tanta preocupação com uma possível interferência de ministros na campanha não é por acaso. Presidentes de partidos aliados já avisaram ao Planalto que não pode ter abuso. O mais provável é que haja uma autorização para que ministros façam campanha para seus candidatos no estado de origem. A idéia é evitar que um ministro do Rio Grande do Sul faça campanha no Acre, por exemplo.

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