Barragem pode agravar enchentes em Piracicaba, diz Unesp

A construção de uma barragem no Rio Piracicaba para ampliar em 45 quilômetros a hidrovia Tietê-Paraná pode agravar as enchentes na área urbana de Piracicaba. A conclusão é de um parecer técnico dos pesquisadores Roberto Braga, Rodrigo Braga Moruzzi e Cenira Lupinacci Cunha, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro, apresentado ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP). Um inquérito civil do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do MP em Piracicaba investiga os impactos do projeto, proposto pelo Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo.

De acordo com o parecer juntado ao inquérito, o barramento do rio pode aumentar as inundações sazonais que ocorrem no bairro Nova Piracicaba e em outras áreas urbanas do município em decorrência da elevação do nível do rio. De acordo com o pesquisador Braga, mesmo que o reservatório opere com vazão constante, o fenômeno conhecido como “propagação de onda de cheia” cria um ambiente instável que, em períodos de chuva, elevará o nível a montante do reservatório, afetando as áreas urbanizadas. Esse fenômeno, segundo ele, não foi considerado no estudo de remanso do Estudo de Impacto Ambiental (Eia-Rima) do empreendimento.

Para o diretor do Departamento Hidroviário, Casemiro Tércio Carvalho, a barragem não trará nenhuma influência no curso do rio no trecho que corta Piracicaba. Segundo ele, a região a ser atingida pelo reservatório fica distante das áreas habitadas. O reservatório vai operar a fio d’água, portando, terá nível constante. Nos períodos de chuva, o vertedouro entra em atividade para evitar que o reservatório encha além do previsto. O projeto está em análise nos órgãos ambientais do Estado, mas o MP recomendou a não concessão da licença até que os estudos dos impactos da barragem sejam aprofundados.

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