A polícia de Barcarena abriu inquérito para apurar as causas do acidente e ontem mesmo começou a ouvir alguns sobreviventes, que acusaram o gerente do barco, conhecido apenas pelo nome de Paulo, e sua tripulação, além da falta de fiscalização da Capitania dos Portos, como responsáveis pela tragédia.
Os passageiros afirmam que todos os tripulantes estavam embriagados no momento do naufrágio e ignoraram as advertências de outros barqueiros da região para não atravessar a Baía do Rio Pará com o barco superlotado. “Nunca mais vou esquecer aquele inferno. As pessoas que não tinham salva-vidas gritavam por socorro. Vi crianças serem tragadas pela água quando o barco começou a afundar”, narrou o passageiro Antônio Pereira. Ele escapou porque conseguiu nadar até a praia do Cururu, onde encontrou outros nove sobreviventes, inclusive duas crianças, salvas pelos pais.
O barco saiu de Manaus no último dia 11, com destino a Santarém (PA), onde os passageiros deveriam descer para pegar um barco maior, que conduziria a todos até a cidade de Belém, onde a maioria possui parentes, para passar as festas de Natal e Ano Novo. Mas em vez de mudar de barco, o comandante do D. Luiz XV, que pouco conhecia a rota até Belém, resolveu prosseguir a viagem, o que deixou irritados e apreensivos os passageiros. Com sua lotação esgotada, o barco ainda apanhou mais de 30 passageiros em Santarém. Nos portos de Monte Alegre, Oriximiná e Gurupá, pelos menos mais 70 pessoas subiram. Em Monte Alegre, a tripulação arrumou espaço para 600 quilos de milho.
O capitão dos Portos no Pará, Jaerte Bazyl, reconheceu as deficiências da fiscalização, mas explicou que em muitos portos não existem postos de vigilância e pessoal para fazer o controle de passageiros que entram e saem dos barcos. “Em Santarém, esse barco foi fiscalizado pela Capitania e não havia excesso de passageiros”, garantiu Bazyl, que determinou a abertura de inquérito administrativo para apurar a responsabilidade do dono do barco pelo naufrágio.