Brasília – O deputado Gustavo Fruet (PR), um dos sub-relatores da CPMI dos Correios, vê com cautela o depoimento do doleiro Antônio Claramunt, o Toninho da Barcelona, marcado para hoje em sessão conjunta das CPIs dos Bingos e dos Correios. De acordo com o parlamentar, a expectativa é que Barcelona possa trazer novas informações das transações feitas por ele para o PT.
"Barcelona é a pessoa certa para revelar os bastidores da evasão de divisas. No entanto, é preciso ter muita prudência com os dados trazidos por alguém que se encontra preso e cumpre pena de 25 anos", advertiu. Preso desde agosto do ano passado, Toninho da Barcelona ficou conhecido após confessar ter realizado operações irregulares no exterior para o PT em 2002 e 2003. Em depoimento a parlamentares da CPMI dos Correios em São Paulo, o doleiro disse que o PT trocava quase diariamente quantias que variavam de US$ 30 mil a US$ 50 mil (R$ 69 mil a R$ 115 mil na cotação de hoje). "Qualquer fato novo poderá auxiliar as apurações que já estão em curso na CPMI e no Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça", afirmou Fruet.
Agenda
A semana é de agenda cheia nas CPIs. Dois depoimentos serão tomados em sessões conjuntas. Nesta terça-feira, as comissões juntas ouvem o doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona. O doleiro cumpre pena de 25 anos na penitenciária de Avaré, em São Paulo, por evasão de divisas, entre outros crimes. Sem apresentar provas, o doleiro tem relatado um suposto esquema de remessa ilegal de recursos para o exterior pelo PT. Amanhã, o empresário Daniel Dantas depõe em duas comissões: a dos Correios e a do Mensalão. Dantas, dono do Banco Opportunity, foi convocado para falar sobre os depósitos bancários feitos por suas empresas nas contas das agências de publicidade DNA e SMP&B, de Marcos Valério de Souza. O Banco Opportunity tem participação nas operadoras de telefonia Telemig Celular, Amazônia Celular e Brasil Telecom.
Já a CPI dos Bingos ouvirá também amanhã o depoimento do ex-deputado Carlos Rodrigues que renunciou ao mandato na semana passada para escapar da cassação por quebra de decoro parlamentar, e de Jorge Luiz Dias, servidor da Assembléia Legislativa do Rio. O ex- deputado Carlos Rodrigues, ex-bispo Rodrigues da Igreja Universal do Reino de Deus, foi acusado pela deputada estadual Cidinha Campos (PDT-RJ) de ser o criador de uma versão do mensalão na Alerj. Ela afirmou que todos os parlamentares eram obrigados a dar uma mesada ao então bispo. Os que não colaboravam sofriam represálias políticas "ou eram mortos, a exemplo do deputado Valdeci Paiva de Jesus, assassinado a mando do bispo Rodrigues".
Na última reunião da semana, na quinta-feira, a CPI ouve o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). O deputado vai depor na CPI sobre as circunstâncias da morte do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002.