São Paulo
– O site da revista Época trouxe ontem reportagem na qual o Ministério Público do Trabalho abriu processo para investigar suspeita de que o BankBoston teria pago salários para policiais que trabalharam como seguranças na campanha do então candidato a deputado federal Henrique Meirelles, em 2002, que hoje é o presidente do Banco Central do Brasil.De acordo com a revista, o Ministério levanta suspeita sobre um eventual acerto de indenizações irregulares para encobrir ajuda de campanha. Um dos policiais teria recebido, pelo acordo, R$ 140 mil. À revista Época, Meirelles disse que não há doação do BankBoston à sua campanha. Meirelles, segundo a revista, disse que o seu contrato com o banco previa uma série de condições, entre elas sua segurança no Brasil, mesmo depois que ele deixasse a presidência mundial do BankBoston, cargo que ocupou até agosto de 2002.
Meirelles disse ainda que os seguranças o acompanhavam em todo tipo de evento, incluindo os atos de campanha. De acordo com a revista, o Ministério Público Federal já estaria investigando acusação de crime eleitoral contra Meirelles e o banco.
Enquanto isso, os partidos de oposição abriram ontem, novamente, a reunião da comissão mista criada para analisar a medida provisória que dá status de ministro ao presidente do Banco Central. Não houve quórum suficiente para qualquer votação, pois os partidos governistas não querem discutir o tema na comissão, argumentando que a oposição está querendo usá-la eleitoreiros.
Mesmo assim, o deputado José Roberto Arruda (PFL-DF), indicado pela diretoria provisória da comissão, que também não foi eleita por falta de quórum, vai apresentar parecer pela inadmissibilidade da MP. Em seu parecer, Arruda observa que a MP é inconstitucional porque o artigo 62 da Constituição veda a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a direito penal, processual penal e processual civil. “É evidente que a MP afronta a Constituição, pois não há como negar seu verdadeiro intuito, de alterar especificamente o regime de competência do Poder Judiciário para processar e julgar o presidente do BC”, argumenta o deputado, no parecer que, no entanto, não poderá ser votado enquanto não houver, na comissão, quórum suficiente para deliberação.
Ontem a presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Maria Victória Benevides, encaminhou uma carta a Meirelles na qual aceita as suas explicações sobre acusações recentes.