Rio – Dois tiros de fuzil mataram ontem o traficante José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, 48 anos, um dos bandidos mais conhecidos do Rio. Integrante do grupo que deu origem à facção criminosa Comando Vermelho, ele foi morto no início da manhã de ontem na Avenida Brasil, uma das principais vias da cidade. Dois homens armados numa moto atiraram contra o carro que ele dirigia. O chefe de polícia do RJ, delegado Álvaro Lins, acredita que ele foi executado por vingança.
Então chefe do tráfico de drogas do Morro do Juramento, na zona norte do Rio, Escadinha foi preso em 1982 e cumpria pena em regime semi-aberto desde 1999 no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho, no Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste. Ele deixava a prisão todos os dias pela manhã para trabalhar numa cooperativa de táxi e voltava no fim do dia para passar a noite. Foi no caminho do trabalho que dois homens armados com um fuzil atiraram contra o carro dele, o Vectra cinza de placa AHL 5464, na altura de Realengo, zona oeste.
Testemunhas disseram que um deles estava sentado de maneira invertida na garupa da moto para fazer os disparos. Escadinha foi atingido duas vezes no rosto e morreu na hora. Luciano da Silva Wanderley, de 30 anos, estava com ele no carro e também morreu. Atingido no braço e no abdome, ele cumpria pena em regime semi-aberto na mesma penitenciária por latrocínio e estava trabalhando temporariamente como digitador na cooperativa administrada por Escadinha.
Com o rosto desfigurado, o corpo do traficante demorou a ser identificado pelos peritos, mas desde cedo populares diziam que se tratava dele. A demora na remoção dos corpos e a aglomeração de curiosos provocou engarrafamentos na via durante toda a manhã.
O delegado Roberto Ramos, da delegacia de Realengo, disse no local do crime que não há dúvidas de que foi uma execução. Ele afirmou que vai ouvir familiares, pessoas próximas a ele no presídio e no trabalho para chegar à motivação do crime. Já o delegado Álvaro Lins afirmou que Escadinha pode ter sido assassinado por integrantes da facção que ajudou a criar ou por brigas na cooperativa.