O crescimento da banda larga no País veio acompanhado do aumento no número de reclamações sobre o serviço no Procon. Com a oferta de planos com velocidades maiores, agora os usuários reclamam que não conseguem atingir a velocidade máxima vendida pelas operadoras. A queixa se soma à instabilidade no serviço, evidenciada durante a semana passada, quando clientes do Speedy, serviço de banda larga da Telefônica, tiveram problemas de conexão à internet no Estado de São Paulo. A operadora creditou a instabilidade a ataques de hackers, que teriam superlotado os servidores DNS (Domain Name Server) utilizados para a navegação na internet. Segundo a empresa, de segunda a quarta-feira foram registradas cinco interrupções que duraram de 10 minutos a quase quatro horas.
A instabilidade e lentidão de acesso não se restringem a uma operadora. Segundo Carlos Coscarelli, assessor chefe da Fundação Procon-SP, as queixas sobre problemas com banda larga cresceram mais que a média das reclamações ao órgão de defesa, que foi de 8%. “Quem acabou de sair da conexão discada acha a banda larga uma maravilha, até aparecer um problema como esse (do Speedy). E aí ela percebe que problemas de lentidão são mais frequentes do que imaginava.”
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o número de clientes do serviço de banda larga saltou de 124 mil, em 2000, para 11,4 milhões no ano passado. Segundo a consultoria Teleco, 5,19% da população brasileira tem acesso à internet banda larga. “A tendência é que esse número continue subindo num ritmo forte”, diz Hubert Filho, diretor da Teleco. “Esse crescimento de usuários e de tecnologia não é acompanhado pelo crescimento na qualidade dos serviços”, diz a advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Estela Guerrini. Ela diz que o maior questionamento é sobre a velocidade de conexão oferecida pelas operadoras. “A pessoa contrata um plano de 3 ou 10 megabits por segundo (Mbps), por exemplo, e raramente consegue navegar nessa velocidade.”