São Paulo (AE) – Os maiores bancos do País lucraram, juntos, US$ 20,9 bilhões em 2005, resultado 38% maior que o registrado em 2004. Segundo a previsão da Austin Rating, os lucros do Unibanco, Banco do Brasil, Itaú, Caixa Econômica Federal, BanespaSantander, Nossa Caixa (já divulgados) e Bradesco (que será anunciado hoje) serão recordes históricos. Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, estima que o Bradesco deve divulgar hoje um lucro de R$ 5,4 bilhões – o maior já registrado por um banco no Brasil.
De acordo com Rodrigues, a taxa de rentabilidade dos bancos, de 28% em média, também foi recorde. No ano passado, a rentabilidade dos maiores bancos brasileiros ficou, em média, em 25%. O Itaú deve ser o banco com maior rentabilidade, de 35,3%, seguido por Bradesco (previsão de 30% a 31%), Banco do Brasil (26,8%) e Unibanco (21,1%). As empresas brasileiras – com exceção de grandes exportadores como Vale do Rio Doce, Petrobras e CSN – têm rentabilidade bem abaixo do setor financeiro, de 12% a 13%.
Três fatores explicam os lucros recordes dos bancos brasileiros. Em primeiro lugar, os bancos tiveram um crescimento médio de 22% em suas carteiras de crédito em relação a 2004. Além disso, o spread (diferença entre o custo que o banco tem para captar dinheiro e quanto cobra para emprestar a clientes) continua muito elevado – em 29%. Por fim, explica Rodrigues, houve forte crescimento na receita com serviços como cartões de crédito, administração de recursos e cobranças.
Aprofundou-se a mudança que vem ocorrendo na estrutura de receita dos bancos. Há cinco anos, a maioria da receita (43%) vinha de tesouraria (investimento em títulos da dívida do governo). Apenas 35% vinham de crédito, 10% de serviços e o resto de outras fontes. Hoje, 45% do faturamento dos bancos vêm de operações de crédito, 15% vêm de serviços e apenas cerca de 25% vêm de tesouraria (o resto vem de outras operações).
Segundo Rodrigues, o grande aumento do crédito explica como os bancos conseguiram crescer tanto em um ano em que o PIB do País deve ter crescimento anêmico, entre 2% e 2,5%. ?Houve um grande aumento nos empréstimos para pessoa física e pequenas empresas, que são mais arriscados, mas têm altas margens.?