Brasília
– A pressão de vários setores sobre o Banco Central está criando um clima de tensão em Brasília. Ontem, por exemplo, a assessoria de imprensa do Banco Central negou que o presidente da instituição, Henrique Meirelles, teria pedido demissão. A preocupação era desmentir os boatos que o BC considerou “uma bobagem”. Meirelles continua trabalhando normalmente, disse fontes do BC.O boato da demissão de Meirelles teria surgido em Nova York e provocado rumores nas mesas de operação do mercado financeiro brasileiro. Segundo informações das agências internacionais especializadas em finanças, Meirelles teria se incomodado com a bem-recebida entrevista do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, sobre a curva da taxa básica de juros da economia, cuja queda foi interrompida na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em que a Selic foi mantida em 16,5%.
Enquanto isto, as críticas ao Banco Central continuam. Ontem o coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), Paulo Picchetti, disse que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central “exagerou” na cautela na sua primeira reunião de 2004, quando decidiu pela manutenção do juro básico da economia em 16,5% ao ano. E a prova disso, segundo ele, foi que a inflação do município de São Paulo começa a dar sinais de desaceleração.
Picchetti disse que a alta de preços em janeiro foi sazonal. “Antes disso (da decisão do comitê de manter o juro), ninguém se preocupava com a inflação. O Banco Central levantou essa preocupação com sinais que não são tão convincentes. Esse conservadorismo tem custo”, disse.