Brasília – A demissão do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, repercutiu mal entre os petistas no Congresso. Além das manifestações públicas de lamento pela atitude tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, interlocutores de Lula no Legislativo prevêem que a demissão de Lessa vai reacender disputas internas, com críticas à política econômica do governo. Para petistas, Lessa era o representante no poder do pólo desenvolvimentista da economia, se contrapondo à ortodoxia do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que entrou em atrito com o ex-presidente do BNDES.
Na Câmara, petistas avaliam que parte da intelectualidade será solidária a Lessa, o que resultará em um novo foco de tensão para o governo. Nos últimos dias, parlamentares entraram em campo para tentar manter Lessa no cargo. Em uma frente, o deputado Chico Alencar (PT-RJ), colhia assinaturas em um manifesto de apoio a Lessa. Em outra linha de atuação, parlamentares entraram como bombeiros para pedir a Lessa que submergisse nesse momento, não desse declarações, evitasse criar atritos e não caísse em provocações. De acordo com parlamentares que conversaram com Lessa, ele argumentava que a entidade estava sendo alvo dos que queriam privatizar o banco, transformando-o em instituição de investimento. "Vai haver seqüela. A saída de Lessa estabelece um campo de atrito grande", afirmou interlocutor do Planalto.