O uso do bagaço de cana para produção de mais etanol não deve ser prioridade para o Brasil, segundo o especialista Luiz Augusto Horta Nogueira, da Universidade Federal de Itajaí (Unifei). Muito mais valioso para o País, segundo ele, é o aproveitamento da biomassa para produção de eletricidade, como já é feito em muitas usinas. "O Brasil, hoje, precisa muito mais de energia elétrica do que de combustível líquido", afirmou Nogueira, em palestra na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Campinas, interior de São Paulo.
A tecnologia para produzir etanol de celulose, presente no bagaço de cana, já existe há décadas, mas ainda não é economicamente viável. Países desenvolvidos, principalmente os EUA, estão investindo pesado em pesquisas para aprimorar a técnica da hidrólise, que permite a quebra da celulose para fermentação alcoólica.
Muitos cientistas alertam que o Brasil poderá ficar atrasado nessa tecnologia, chamada de "etanol de segunda geração". Segundo Nogueira, porém, não há motivo para preocupação. "O Brasil já tem o etanol de segunda geração: é o etanol de cana, 100% renovável", disse. "Esse discurso de que a celulose é a segunda geração nos impinge como colonizados."