O risco de um apagão de mão de obra no setor aéreo levou a Azul a buscar uma espécie de seguro para não ficar sem pilotos. A empresa assina amanhã um convênio com a Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUC-RS, de Porto Alegre (RS), que dá prioridade aos profissionais formados pela instituição em seus processos de seleção. A faculdade formou pilotos para a Varig por quase uma década.

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Com a parceria, a companhia espera preencher parte das 150 vagas para copiloto que planeja abrir por ano até 2015. Hoje, a PUC-RS tem capacidade para formar 60 alunos por ano. Segundo o diretor da faculdade, Elones Ribeiro, os egressos da instituição pularão a primeira etapa do processo seletivo, de análise de currículos, mas terão de ser aprovados em entrevistas e testes aplicados pela empresa.

Para o diretor de operações da Azul, Álvaro Neto, a companhia sai na frente na disputa por profissionais qualificados. “A aviação comercial experimentou nos últimos anos um crescimento inédito e a formação de profissionais não tem acompanhado esse ritmo. Ainda não estão faltando pilotos, mas poderão faltar se o processo de formação não for acelerado”, afirma.

O executivo lembra que o País ainda sofre os efeitos da debandada de pilotos brasileiros para o exterior depois que Varig, Vasp e Transbrasil encerraram suas operações. “A Azul já repatriou cerca de 50 profissionais que estavam fora, mas ainda há mais de 300. É difícil trazê-los de volta, pois a maioria se estabilizou e é muito bem remunerada”, diz. Embora não haja exigências de que os pilotos de companhias aéreas tenham graduação em Ciências Aeronáuticas, a tendência é de que as companhias deem preferência a esses profissionais, avalia Neto, da Azul.

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“Notamos nos últimos anos uma mudança muito importante na atividade de um piloto de linha aérea. Hoje as aeronaves trazem uma tecnologia embarcada muito sofisticada. O piloto agora tem de ser também um gerente do voo, administrando sistemas, conflitos e situações adversas”, afirma.

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O alto custo da formação dos pilotos, no entanto, ainda é um entrave para que mais pessoas ingressem na profissão. O curso da PUC-RS, que tem duração de três anos, custa R$ 110 mil, por exemplo. Esse valor, no entanto, só inclui a parte teórica. Para se formar, os alunos precisam ainda arcar com os custos das horas de voo exigidas.

A criação do curso da universidade gaúcha em 1993 foi uma iniciativa da Varig. Numa primeira fase, a companhia garantia a contratação de todos os formados. Depois, o convênio passou a prever apenas a prioridade para os alunos da faculdade. O acordo foi desfeito em 2001, quando a Varig começou a passar por problemas financeiros e não teve mais condições de cumprir algumas cláusulas, como o transporte dos estudantes para eventos e testes.