Brasília

– Em mais uma demonstração de que o clima de lua-de-mel entre o atual e o futuro governos começa a azedar, o presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou ontem a cerimônia de entrega do Prêmio de Qualidade do Governo Federal para rebater as críticas do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, de que sua administração não deu os aumentos ao funcionalismo público. Fernando Henrique disse que deu aumentos diferenciados aos servidores, baseados no desempenho do funcionalismo, e não numa regra geral de aumento linear e igual para todos. Lula havia criticado Fernando Henrique por não ter dado aumento geral aos servidores e disse que isso poderia trazer problemas ao seu governo.

Esse foi apenas mais uma episódio que gerou mal-estar entre as duas equipes nos últimos dias. Lula e os petistas têm carregado nas críticas ao atual governo. Em contrapartida, o presidente vem rebatendo os ataques por meio de declarações do porta-voz Alexandre Parola, ou em discursos em que não cita o nome de Lula ou o PT. Ontem mesmo, enquanto Fernando Henrique discursava no Planalto, seus aliados no Congresso reclamavam das afirmações de Lula na Argentina condenando a política econômica. O aumento linear do funcionalismo está previsto na Constituição. “Diariamente nos jornais se vê contestação a isso. Ouve-se dizer: o governo nunca aumentou o salário dos funcionários. Não é verdade.

O governo, ao aumentar o salário dos funcionários, diferenciou e deu outros mecanismos de premiação que não estão baseados na regra geral. E buscou valorizar certas carreiras de Estado, certos setores que estavam mais defasados. Introduziu-se formas de premiação até nas universidades, e com enorme resistência das universidades”, disse Fernando Henrique. O presidente disse que toda inovação sofre muita oposição e brincou que, por isso, sua popularidade não é das mais altas.

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