A turbina de um avião Fokker 100 da Ocean Air parou de funcionar em pleno vôo na última sexta-feira (27) e provocou o pouso da aeronave no Aeroporto Jorge Amado, em Ilhéus, na Bahia.

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O vôo 9329 saiu de Recife às 16h40, fez escala em Salvador e deveria ter chegado ao Rio de Janeiro às 20h, mas aterrissou na capital fluminense apenas hoje. A companhia aérea não se pronunciou sobre o incidente.

Os passageiros, que viveram momentos de pânico, desembarcaram no Aeroporto Tom Jobim elogiando a tripulação, mas criticando a manutenção da aeronave.

"Meu assento ficava ao lado da turbina direita. Ouvimos um estouro, o avião tremeu e os lanches que estavam sobre a bandeja foram arremessados. Uma criança atrás e mim caiu no chão e começou a chorar. Os comissários recolheram os lanches e o piloto informou que voávamos em monomotor", relatou a estudante Fernanda Motta, de 18 anos, que viajava com o pai, a mãe e uma irmã.

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O pai de Fernanda, o funcionário público José Felipe Motta, de 47 anos, desabafou, aliviado: "O piloto foi excepcional e o tratamento em terra foi ótimo, mas um acontecimento como este deixa dúvidas sobre a manutenção das aeronaves. Parece que a preocupação com o lucro é maior que tudo", disse, ao lado de Fernanda, da esposa, Maria Aline, de 46, e da outra filha do casal, Juliana, de 20.

De acordo com relatos dos passageiros, o estrondo na turbina foi ouvido meia hora após a decolagem do avião de Salvador, às 18h.

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"O barulho foi forte e assustou até as comissárias. Primeiro, o piloto anunciou que voltaríamos para Salvador. Depois, informou que pousaríamos em Ilhéus. Sobrevoamos a cidade por meia hora para gastar combustível. Na hora da aterrissagem, houve impacto e fomos impulsionados para frente, mas ninguém se feriu. Havia bombeiros e ambulâncias na pista", contou o professor universitário Marco Antônio Nielebock, de 47 anos.

Os passageiros foram acomodados pela companhia aérea em um hotel próximo ao aeroporto. "Não consegui dormir, porque o barulho das aeronaves me lembravam a toda hora o incidente", afirmou Nielebock.

Apesar da ausência de um comunicado oficial da empresa, passageiros disseram que 96 pessoas estavam a bordo do avião, sendo seis delas tripulantes.

Em busca de informações sobre o vôo, parentes dos passageiros chegaram a discutir com funcionários da empresa, que alegavam não ter autorização para dar informações. Eles contaram ter recebido telefonemas dos passageiros assim que o avião desembarcou em Ilhéus.

"Foi difícil controlar a minha filha, que estava muito nervosa. Todos estavam muito traumatizados com o acidente da TAM e ficaram assustados", declarou Severino Ribeiro Chagas, 58, que esperava a filha Tamara, de 27. Ela viajou de férias com o marido Jurandir Severo Júnior.

A copeira Maria José do Nascimento, de 31 anos, fazia sua primeira viagem de avião com o filho Mattheus, de 9 anos. "Fiquei muito nervosa e só conseguia pensar em Deus. Acho que não quero saber mais de viajar de avião", disse Maria, que a aproveitou as férias para visitar parentes em Recife.

O Estado deixou mensagens na caixa postal da assessoria de comunicação da Ocean Air, mas a empresa não retornou as ligações.