A oposição elevou o tom ontem e cobrou ?seriedade? e ?escrúpulos? do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à alardeada auto-suficiência brasileira na produção de petróleo que foi conquistada no governo do PT. Vice-presidente do PSDB, o deputado Alberto Goldman (SP) apontou ?falta de caráter? de Lula ao tratar do tema. ?Não há nada de errado em um presidente propagandear seus feitos?, disse Goldman. ?Mas não é possível mentir, fazer comparações falsas e subestimar governos anteriores. Isso é falta de caráter.?
O deputado observou que a inauguração da plataforma P-50 da Petrobras, na sexta-feira, no Rio, foi ?eleitoreira?, seguindo a mesma linha do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), que falou em ?pré-campanha deslavada e escárnio?. A atitude do presidente, que, na Bacia de Campos, vestiu um macacão de funcionário e sujou as mãos de óleo, imitando o ex-presidente Getúlio Vargas, também foi criticada.
Para Bornhausen, o ato é ?a fotografia da corrupção?. O comentário foi baseado na informação de que a propaganda custou R$ 37 milhões e foi executada pelo publicitário Duda Mendonça, investigado por suposta prática de crimes e irregularidades na campanha de 2002, que elegeu Lula presidente.
O vice-presidente do PSDB também criticou Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, que na inauguração da P-50 acusou o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de preparar a estatal para ser privatizada. ?Isso é jogo irresponsável. Uma mentira deslavada. Pela primeira vez na história vemos um presidente da Petrobras se comportar como cabo eleitoral do presidente da República?, disse Goldman.
O deputado tucano lembrou que em 1995 presidiu a comissão que permitiu a entrada de capitais no mercado de petróleo do País e ressaltou que ?em nenhum momento? se cogitou privatizar a Petrobras. Ele insistiu que, à época, diante das suspeitas levantadas pela oposição do PT, Fernando Henrique enviou carta ao Senado e à Câmara negando a possibilidade de privatização da estatal.
Sobre a auto-suficiência, Goldman lembrou que de 1994 a 2002 a produção de barris de petróleo por dia saltou de 750 mil a 800 mil para 1,5 milhão. ?De 2002 a 2005, o salto foi de 1,5 milhão dia para 1,7 milhão. Ou seja, aumento bem menor foi o conquistado com Lula.?