Depois de um mês no Brasil e uma batalha judicial que já dura um ano e meio, o austríaco Sascha Zanger, de 40 anos, embarcou ontem de volta para Viena, capital da Áustria, “muito decepcionado”. Não conseguiu levar para a casa o filho R., de 12 anos, que queria ir com o pai, e tampouco conseguiu liberar o corpo da filha Sophie, de 4 anos, para ser enterrado. Ele não consegue entender por que ninguém está preso. “Meu grande erro foi confiar na Justiça brasileira. Hoje, me culpo por não ter tirado minhas crianças à força daqui, colocado em um carro e ter parado só no Uruguai ou na Argentina e de lá para a Áustria. Assim minha filha estaria viva hoje”, disse.
A menina morreu no dia 19 do mês passado no Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, uma semana após ser internada na Unidade de Pronto Atendimento de Santa Cruz, na zona oeste, com trauma cranioencefálico e hematomas pelo corpo. A tia da criança, Geovana dos Santos, de 42 anos, e a filha dela, Lílian dos Santos, de 21 anos, foram indiciadas por crime de tortura seguido de morte.
A mãe das crianças, Maristela dos Santos Leite, tem problemas psiquiátricos e está internada. Segundo Zanger, sua ex-mulher já estava doente quando veio com os filhos da Áustria, em janeiro de 2008, sem o consentimento dele, para morar com a irmã Geovana, que a expulsou de casa em dezembro. Maristela acusou Zanger de abuso sexual das crianças, fato que pai e filho negam, mas isso fez com que a Justiça mantivesse as crianças no Brasil, dando a guarda delas provisoriamente a Geovana.
Pai e filho se despediram no aeroporto esperando que possam viajar juntos para a Áustria no mês que vem. Zanger quer que R. consiga retomar as aulas no começo de setembro, quando se inicia o ano letivo austríaco.