Ricardo Oliveira / DAM |
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Severino precisa de mais 117 assinaturas para dar o aumento. A pressão cresce. |
Brasília – Depois de anunciar que já contava com quase 200 assinaturas para o requerimento que pede urgência para o projeto que aumenta o salário dos deputados, o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), segundo vice-presidente da Câmara, disse ontem que está com dificuldade para conseguir os 257 endossos necessários.
Após uma semana de muita repercussão negativa, Ciro Nogueira informou ontem que tem apenas 140 assinaturas. Ainda faltam, segundo ele, mais 117 para que a urgência possa ser encaminhada à mesa diretora da Casa. O fato é que muitos dos deputados, após as críticas da opinião pública e as determinações partidárias, desistiram de apoiar o projeto. Além de Ciro Nogueira, vários outros deputados buscavam as assinaturas de apoio.
Na contagem geral, retirando as assinaturas repetidas e as dos desistentes, o número necessário não foi alcançado. "Há uma pressão grande para os deputados não assinarem", disse Nogueira. O salário atual dos congressistas é de R$ 12,847 mil. A proposta apresentada pelo presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), iguala os vencimentos do Legislativo aos do Judiciário.
Há ainda um projeto na Câmara que eleva o atual salário do STF para R$ 21,5 mil. Caso seja aprovado o reajuste do Judiciário, o Legislativo também será aumentado, de acordo com a proposta do presidente da Câmara.
As lideranças do PSDB, PPS, PDT, PSB, PV e PT já decidiram que são contrárias ao aumento e fecharam questão sobre o assunto. Caso o projeto venha a plenário, seus deputados devem votar contra. Da mesma forma, os congressistas desses partidos estão impedidos de assinar o requerimento de urgência. Quem já o tinha feito teve que retirar sua assinatura.
Os deputados estão sofrendo grande pressão da sociedade para que o projeto não seja aprovado. Mesmo os integrantes dos partidos que são contra o aumento estão recebendo e-mails de reclamações de eleitores de todo o País. "Todo dia recebo muitos e-mails reclamando do aumento e até xingando os deputados. Essa situação é insustentável", afirmou o deputado petista Carlito Mers (SC).
A indignação não pára aí. O movimento Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, criado em 1993 pelo lendário Betinho, também fez uma pesquisa on-line e quase todo mundo disse que é contra: 98%, dos 1.349 internautas que votaram. Por isso, a ONG decidiu fazer um manifesto popular amanhã pelas ruas do Rio de Janeiro.
Maurício de Andrade, coordenador-geral da Ação da Cidadania, informa que a partir de hoje, no Rio de Janeiro, a ONG dará início a um movimento de rua para coletar opiniões e assinaturas contra a medida que eleva o salário dos parlamentares. "Isso, para que digamos logo não a essa medida esdrúxula e imoral." Se somadas um milhão de assinaturas, segundo a Ordem dos Advogados do Brasil, há a possibilidade jurídica de barrar o reajuste.
