A servidora Paula Sayuri Nagamati, que acusou o secretário municipal de Governo de São Paulo, Antônio Donato, de receber dinheiro do grupo que fraudava o Imposto Sobre Serviços (ISS), será exonerada. A oficialização da dispensa deve ser publicada no Diário Oficial da Cidade nesta quinta-feira, 7.

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Auditora fiscal de carreira, Paula ocupava o cargo comissionado de supervisora técnica 2 da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, pasta comandada pela secretária Luciana Temer. A funcionária prestou depoimento ao Ministério Público (MP) no dia 31. Ela declarou que ouviu de Ronilson Rodrigues, um dos líderes da quadrilha, que o grupo “apoiou a campanha” de Donato a vereador, financiada “com dinheiro, fruto da fiscalização”.

Em reposta, o prefeito Fernando Haddad (PT) voltou a defender Donato e desqualificou as acusações da fiscal, dizendo que ela pertence ao “núcleo da quadrilha”. A fraude no ISS foi cometida entre 2007 e 2012, durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), e pode ter desfalcado a Prefeitura em até R$ 500 milhões.

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Outro envolvido com o esquema, Fabio Camargo Remesso, também foi suspenso do cargo na semana passada. Auditor fiscal, ele atuava como assessor na Secretaria Municipal de Relações Governamentais, cujo titular é João Antonio. Remesso foi indicado pelo vereador Nelo Rodolfo (PMDB).

Auditores

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Quatro auditores fiscais da Prefeitura de São Paulo foram presos na manhã do dia 30, acusados de integrar uma quadrilha que cobrava propina para reduzir o ISS devido por construtoras. O rombo estimado de R$ 500 milhões nos cofres do município é o valor que teria deixado de ser arrecadado de 2007 a 2012.

O ISS é um requisito para que os empreendimentos obtenham o habite-se, documento que atesta que a obra pode ser ocupada. Um dos servidores, Luís Alexandre Cardoso de Magalhães, foi solto na segunda-feira, 4, após acordo de delação premiada. Eduardo Horle Barcellos, Ronilson Bezerra Rodrigues e Carlos Di Lallo Leite do Amaral permanecem detidos.

A ação é a primeira da Operação Acerto de Contas, parceria da Controladoria-Geral do Município (CGM) e do Ministério Público Estadual para combater a corrupção dentro das repartições municipais. O esquema é tratado por Haddad como “um dos maiores escândalos já descobertos na cidade”.